ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O presidente da Liga de Futebol, Pedro Proença, na apresentação da sua candidatura às eleições da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)
Fernando Gomes quer que parte do dinheiro das apostas seja investido no apoio ao desporto de base, mas Pedro Proença está contra qualquer corte na fatia que é destinada ao futebol.
A tensão entre Fernando Gomes, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), e Pedro Proença, atual líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), está a aquecer com uma nova frente de batalha: a redistribuição dos milhões provenientes das apostas desportivas online.
Esta segunda-feira, a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) organiza uma cimeira com os presidentes das federações desportivas para discutir uma proposta que pretende alterar profundamente a forma como os cerca de 67 milhões de euros gerados em 2023 são repartidos.
Atualmente, a distribuição das receitas das apostas baseia-se no volume de apostas por modalidade. Em 2023, apenas quatro federações arrecadaram 97,9% das verbas, sendo que a FPF foi, de longe, a principal beneficiária, recebendo 50,2 milhões de euros, recorda o Correio da Manhã.
Fernando Gomes, que é agora presidente do Comité Olímpico, tem defendido a criação de um fundo de solidariedade, à semelhança do que acontece em Espanha e nas competições da UEFA, onde uma percentagem fixa é redistribuída para apoiar o desporto de base.
No entanto, qualquer corte na fatia da FPF para financiar esse fundo encontraria forte oposição de Pedro Proença, cuja posição se fragilizou após falhar a eleição para o Comité Executivo da UEFA, num processo no qual Gomes se absteve de apoio.
O historial de divergências entre ambos é antigo. Quando ainda era presidente da Liga Portugal, Proença já criticava a distribuição desigual dos fundos, apontando que, embora as competições da Liga gerassem 60% das apostas, recebiam apenas 30% dos fundos, enquanto a FPF arrecadava 70%.
Na corrida para ser presidente da FPF, Proença prometeu aumentar os repasses das apostas para os clubes profissionais, mas arrisca assim também desagradar às associações distritais, que representam o futebol amador.
A cimeira da CDP promete assim marcar o início de uma batalha institucional com implicações profundas para o financiamento do desporto nacional.