“Guerra dos sexos”. A prevalência de genes masculinos ou femininos pode ser determinante para o sucesso dos fetos

Sociedade Radiológica da América do Norte

Modelo 3D de um feto com 26 semanas

De acordo com os investigadores, os “genes impressos paternalmente são gananciosos e egoístas, pelo que foi preciso extrair o máximo de recursos possível das dos equivalentes maternos”.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge identificou sinais importantes que de os fetos utilizam para controlar o fornecimento de nutrientes da placenta e evidenciar uma guerra de genes herdados do pai e da mãe. O estudo, realizado em ratos, pode ajudar a explicar o porquê de alguns bebés terem dificuldade em crescer no útero.

À medida que o indivíduo  cresce, precisa de informar a mãe desse processo, mas também da sua cada vez maior necessidade de receber comida – com o processo de troca de nutrientes a ocorrer através dos vasos. No processo, a placenta é também um órgão extremamente importante – e especial – que contém células tanto do bebé como da mãe.

De acordo com os investigadores, entre 10 a 15% dos bebés têm um pobre crescimento no útero e das vasos sanguíneos na placenta, o que pode revelar-se prejudicial não só durante os períodos de gravidez, mas nos anos que se seguem. No entanto, num estudo publicado recentemente é possível perceber que, através dos ratos geneticamente modificados podem ser utilizados para gerar sinais que promovem o crescimento de vasos sanguíneos na placenta – mas também outras alterações na placenta, permitindo que mais nutrientes da mãe cheguem ao seu feto.

“Identificamos um método usado pelo feto para comunicar com a placenta para promover a dilatação correta destes vasos sanguíneos. Caso esta comunicação seja mal sucedida, os vasos sanguíneos não desenvolvem devidamente e o bebé acaba a comer toda a comida”, descreve Ionel Sandovici, o principal autor da investigação.

A equipa também descobriu que o feto envia um sinal normalmente conhecido como IGF2 que chega à placenta através do cordão umbilical. Nos humanos, os níveis de IGF1 no cordão umbilical aumentam de forma gradual desde as 29 semanas de gestação até ao fim do período de gravidez. No entanto, os bebés demasiado grandes ou demasiado pequenos têm mais probabilidade de sofrer ou morrer no parto, assim como sofrer de um risco acrescido de diabetes ou problemas cardíacos enquanto adultos.

“Há muito que sabemos que o IGF2 promove o crescimento dos órgãos nos quais é produzido. Este estudo mostra que o IGF2 também se comporta como uma hormona clássica produzida por um feto tanto no sangue fetal, no cordão umbilical e na placenta.”

Outro motivo de particular interesse no estudo prende-se com as descobertas relacionadas com a disputa do que está no útero. Nos ratos usados na experiência, a resposta ao IGF2 nos vasos sanguíneos da placenta é mediada por outra proteína chamada IGF2R. Ambos os genes que produzem IGF2 e IGF2R são “impressos”. Este é o processo pelo qual um interruptor molecular de um gene pode identificar a origem do seu pai e ligar ou desligar.

Outro dos autores do estudo, Miguel Constantia explicou que uma das teorias existentes sobre a impressão de genes diz respeito aos “genes impressos paternalmente que são gananciosos e egoístas – pelo que queremos extrair o máximo de recursos possível das nossas mães”.

“No nosso estudo, o gene paterno promove maiores exigências fetais, vasos sanguíneos e mais nutrientes, ao passos que os genes da mãe placentária procuram controlar a quantidade de nutrientes que ela fornece. Está a decorrer uma guerra entre homens e mulheres a nível genético.

ZAP //

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