O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, admitiu na quarta-feira não ter feito o suficiente para afastar o Presidente Nicolás Maduro do poder e insistiu que vai continuar a lutar.
“Sabemos que não tem sido suficiente porque continuam a usurpar o poder“, afirmou, numa alusão à promessa que fez a 23 de janeiro, quando se autoproclamou presidente interino e prometeu retirar Nicolás Maduro do poder.
“No entanto, quando revemos os acontecimentos deste ano, há elementos inegáveis. Não só temos o reconhecimento internacional, como nos mantemos unidos”, disse, em declarações aos jornalistas.
Por outro lado, anunciou que em 2020 irá convocar novamente todos os setores do país para lutar contra o Governo de Maduro.
No entanto, segundo Juan Guaidó, “há diferenças radicais” dentro da oposição sobre como “enfrentar [o ano de] 2020”.
“A frustração não é resignação, por isso enfrentaremos esta situação de uma maneira muito diferente. Estamos dispostos a lutar. Não tenho dúvidas de que 2020 será o ano da República, da liberdade”, disse.
A crise política, económica e social agravou-se na Venezuela, desde janeiro último, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Problemas no abastecimento de gasolina
A cidade de Caracas e pelo menos 16 estados da Venezuela registam escassez de combustível, uma situação que tem obrigado os automobilistas a esperar ao longo de várias horas para poder abastecer as suas viaturas nas poucas estações que ainda têm gasolina.
A falta de gasolina, uma situação da qual Caracas parecia estar “protegida”, está a afetar o trabalho diário dos taxistas que têm agora que andar à procura de combustível e têm que despender várias horas para poder encher as suas viaturas.
“Com a crise e o caro que está tudo, as pessoas usam cada vez menos os táxis, o que nos obriga a circular durante mais tempo para conseguir levar algum dinheiro para casa. Agora com a escassez de gasolina tudo se complica, temos que passar mais horas nas ruas”, explicou um taxista à Agência Lusa.
José Ramón Martínez é taxista há quase 30 anos, estava numa bomba de gasolina de Los Palos Grandes, na fila, com a esperança de conseguir combustível suficiente para abastecer o seu táxi. “Nunca tinha vivido tempos tão difíceis como agora” desabafa, explicando de imediato que esteve mais de uma semana sem trabalhar porque o carro estava avariado.
“A inflação está a comer tudo (o dinheiro). As peças para reparação são muito caras e há que pagar em dólares, os mecânicos nem sempre fazem bem o trabalho e passam dias para que nos entreguem os carros. As pessoas insistem em pedir ‘rebajas’ (descontos). Muitas perguntam os preços das viagens mas optam por ir de autocarro e agora falta a gasolina”, desabafou.
Em La Castellana, Caracas, um outro taxista, Jesus Marcano, estava também na fila de uma estação de serviço, contrariado, questiona-se “como um país petrolífero, que deveria ter gasolina para exportar, tem problemas internos de abastecimento de combustível”.
“O diabo tomou conta deste país, cada vez nos afundamos mais e parece que não há um fundo. Antes de chegar aqui, passei por umas 6 ou 7 bombas que estavam fechadas, sem gasolina. E, por outras cinco que tinham ainda filas maiores. Achei que estava a perder o tempo e meti-me na fila”, disse à Agência Lusa.
A imprensa venezuelana dá conta de que pelo além de Caracas (Distrito Capital), outros 16 Estados estão com problemas de abastecimento de combustível, principalmente em Zúlia, Bolívar e Lara, onde os automobilistas queixam-se de que passam noites e dias em fila para abastecer as viaturas, correndo o risco de que a gasolina acabe antes de serem atendidos.
Segundo a imprensa local a Venezuela tem 7 refinarias de gasolinas mas apenas duas estão operacionais, trabalhando a capacidade reduzida, o que obriga a depender da importação de combustível, o que também é difícil porque as transportadoras querem evitar as sanções impostas pelos EUA.
// Lusa