Grupo católico compra dados de app de encontros para rastrear padres gays

Numa caça às bruxas a padres gays, uma organização católica conservadora sem fins lucrativos em Denver, nos Estados Unidos (EUA), investiu 4 milhões de dólares na compra de dados que afirma serem provenientes do Grindr e de outras aplicações de encontros.

Segundo o Washington Post, o grupo Catholic Laity and Clergy for Renewal afirma ter adquirido dados de localização e utilização de aplicações como o Grindr, o Growlr, o Scruff, o Jack’da e o OkCupid, de 2018 a 2021. Essas informações foram cruzadas com dados de localização de residências da igreja que albergam padres.

Este não é o primeiro relatório a sugerir que o Grindr tenha exposto os utilizadores. Em 2021, os dados de localização supostamente provenientes do Grindr foram utilizados para denunciar o padre católico Monsenhor Jeffrey Burrill, que tinha visitado bares gay. Burrill renunciou ao seu posto.

O Catholic Laity and Clergy for Renewal é dirigido pelos filantropos Mark Bauman, John Martin e Tim Reichert. O Washington Post obteve gravações das reuniões à porta fechada do grupo e analisou documentos e registos públicos para desvendar os negócios obscuros da organização sem fins lucrativos.

O porta-voz do Grindr, Patrick Lenihan, disse que as afirmações do grupo católico sobre os seus dados não verdadeiras, não sendo possível que os dados de localização provenientes da aplicação fossem divulgados das formas descritas, graças às alterações que a empresa introduziu em 2020.

“Estamos enfurecidos com as ações destes vigilantes anti-LGBTQ. O Grindr tem e continuará a pressionar a indústria para manter os maus agentes fora do ecossistema ad tech, particularmente em nome da comunidade LGBTQ. Tudo o que esse grupo está a fazer é magoar as pessoas”, disse Patrick Lenihan.

Não existem leis nos EUA que protejam as pessoas de empresas que querem comprar e vender dados sobre a localização ou sexualidade das pessoas. De facto, é perfeitamente legal vender dados de consumidores sobre quase qualquer assunto, porque não existem leis de privacidade a nível nacional.

O Grindr, como muitas aplicações e websites, faz parcerias com vendedores de tecnologia de anúncios para visar utilizadores e potenciais novos clientes com anúncios.

Patrick Lenihan disse à Gizmodo que o Grindr fez alterações aos dados que partilha com os seus parceiros em 2020, decisão que surgiu depois de um estudo ter mostrado que a empresa punha em perigo os utilizadores ao expor informações que poderiam revelar a sua identidade. No entanto, relatórios de 2022 sugeriram que ainda se pode comprar dados de localização ao Grindr.

ZAP //

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