Greves na escola pública esgotam vagas no ensino privado

Paulo Novais/LUSA

Greve na Escola Secundária Quinta das Flores (Coimbra)

Muitos dos colégios já fecharam o período de pré-inscrições destinadas ao próximo ano letivo, em função da elevada procura.

O atual momento delicado que a escola pública portuguesa atravessa não passa, naturalmente, despercebido aos encarregados de educação, que, na hora de matricular os seus educandos para o próximo ano letivo, têm mostrado propensão para o setor privado. Não é, por isso, com surpresa que a procura esteja a aumentar e, nesta fase, existam mais inscrições que o normal.

Este é precisamente a análise feita por Rodrigo Queiroz e Melo, diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo ao Diário de Notícias. “Neste momento não estão a ocorrer muitas transições [do público para o privado] por nos encontrarmos a metade do ano (…). Mas para o próximo ano letivo, muitos colégios já fecharam as pré-inscrições.”

O responsável admite, em relação às reivindicações dos professores, que esta “não é uma luta” do setor privado, ainda assim, reconhece, “tal como todos os portugueses, temos o interesse de que o ano letivo possa voltar a decorrer de forma normal“. Ainda assim, destaca, “está a haver alguma pressão no ensino privado”, no que concerne à procura e às inscrições dos novos alunos.

De acordo com dados recolhidos pelo mesmo jornal através da PORDATA, existem em Portugal, desde o pré-escolar ao secundário, 5587 estabelecimentos públicos de ensino, quase o dobro dos 2654 privados. Ainda assim, destaque para o número decrescente de instituições públicas — quase menos nove mil estabelecimentos em pouco mais de 20 anos. Contrariamente, a oferta privada tem vindo a aumentar, tal como a procura.

A semana que hoje arranca será marcada por mais jornadas de luta dos professores — hoje, segunda-feira, os protestos deverão ocorrer em Castelo Branco. Para o próximo sábado está ainda marcada uma grande manifestação em Lisboa, a qual deverá contar com a presença da Federação Nacional de Educação (FNE). A contestação prossegue depois das duas reuniões entre o Ministério da Educação e os sindicatos que representam os professores terem terminado sem acordo.

ZAP //

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