Pela primeira vez, ninguém está a trabalhar na TSF. Greve de 24 horas é um protesto contra três assuntos. Hoje a TSF parece a Smooth FM.
“Os trabalhadores da TSF estão esta quarta-feira, 20 de setembro, a cumprir uma greve de 24 horas”.
“A paralisação, a primeira em 35 anos de história convocada pelos trabalhadores da TSF, foi aprovada por unanimidade em plenário realizado a 11 de setembro”.
É o último artigo publicado na própria TSF, ainda na noite passada. Hoje, nada está publicado no portal da rádio – que parou mesmo.
Os trabalhadores da TSF consideram que a administração da Global Media, dona da rádio, não tem tido respeito pelos profissionais desta rádio.
O jornalista Filipe Santa Bárbara, porta-voz da comissão de trabalhadores, explicou na RTP que há três pontos que originaram este protesto – hoje, quarta-feira, há concentração dos trabalhadores junto às instalações da TSF.
O primeiro ponto é o facto de a administração da Global Media ter estado em negociações “durante meses” para ajustes salariais relacionados com a inflação.
“Mesmo aquém do pretendido, os trabalhadores não rejeitaram a proposta – que ainda não foi cumprida”, relatou Filipe.
Há dois meses que os salários não entram no dia certo; este é o segundo motivo de protesto.
Por fim, há um “repúdio” pela mudança na direcção, mais concretamente na saída de Domingos Andrade, que “sempre respeitou a autonomia editorial da redacção, sempre esteve na linha da frente a defender a redacção… E sai assim, de uma hora para a outra, sem o conselho de redacção ter sido auscultado”.
Domingos Andrade foi afastado porque, segundo a Global Media, tinha duplicação de funções. Mas os trabalhadores alegam que Domingos de Andrade já não era director-geral editorial da Global Media Group, por isso, não há duplicação de funções.
Então, o que passa na rádio?
Música. Quase sempre.
Repetindo a rotina da maioria dos nossos dias, fomos ouvir a rádio. Incluindo a TSF.
Parecia a Smooth FM na manhã desta quarta-feira. Não sempre, mas na maioria das músicas reinou um tom de jazz ou alguma bossa nova.
O regime de Auto DJ (a rádio continua a funcionar mas é apenas um computador que está a comandar a emissão) não evitou que, em 15 minutos, se ouvisse duas vezes a mesma música. A playlist estava a repetir-se pouco depois de ter sido reproduzida.
Pelo meio, ouvimos sons de outros tempos. Arquivos da História de Portugal, do mundo e, por arrasto, da própria TSF.
Às vezes, ouve-se a voz de Fernando Alves: “A programação regular da TSF está condicionada devido a uma greve de 24 horas dos trabalhadores desta rádio”.