Greve de fome terminou: professor foi para o hospital

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Luís Sottomaior Braga / Facebook

Luís Sottomaior Braga, ao centro, junto à autocaravana onde esteve em greve de fome durante 5 dias

Nova situação de hipoglicemia determinou o internamento de Luís Braga. Era um perigo para a sua saúde, em especial no seu estado já debilitado.

A greve de fome, por tempo indeterminado, que o professor de Viana do Castelo Luís Sottomaior Braga iniciou às 00:00 de terça-feira, terminou na madrugada de hoje, após o internamento hospitalar do docente, foi hoje divulgado.

Em declarações à agência Lusa, César Brito, do grupo de professores que acompanhou Luís Sottomaior Braga, explicou que “o protesto terminou cerca das 01:10 de hoje, após cinco dias e uma hora de greve de fome, quando foi acionada a intervenção do INEM devido a uma nova situação de hipoglicemia que determinou o internamento hospitalar do docente”.

“Essa situação constituía um perigo para a sua saúde, em especial no seu estado já debilitado, até porque, além dos valores verificados, incluía sintomas como tonturas e tremores”, explicou.

César Brito explicou que o colega foi transportado ao hospital de Santa Luzia, “onde recebeu tratamento médico, tendo tido alta cerca das 06:00, após a realização de análises clínicas que atestaram que o seu estado de saúde permitia a recuperação em casa de um dos membros da equipa de apoio, conforme previsto”.

Um comunicado publicado na página oficial do movimento de docentes no Facebook, sublinha que a “decisão de chamar o INEM foi tomada com base nos critérios definidos pelos membros do grupo de apoio desde o início da greve de fome”, sendo que “esses critérios, acordados entre todos, previam nunca ultrapassar situações de potencial risco de danos irreversíveis para a saúde”.

A publicação refere que Luís Sottomaior Braga “está profundamente emocionado e grato pelo enorme apoio recebido ao longo destes cinco dias intensos”.

Precisa agora apenas de descansar e oportunamente fará, pessoalmente, uma comunicação. Tal como o Luís, toda a equipa de apoio está muito sensibilizada e agradecida pelo extraordinário apoio recebido de milhares de colegas e cidadãos de todos os pontos do país”, nele na publicação do Resistir pela Educação.

Luís Sottomaior Braga iniciou a greve de fome em defesa escola pública às 00:00 de terça-feira numa autocaravana instalada junto à escola secundária de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo.

Em declarações aos jornalistas, durante os dias de protesto, apelou ao Presidente da República para não promulgar a lei dos concursos que classificou de “ato extremamente violento” contra os professores”.

Docente há 28 anos, Luís Sottomaior Braga, de 51 anos, é professor de história do segundo ciclo mas, mais do que isso, é sub-director no Agrupamento de Escolas da Abelheira – Viana do Castelo. Foi director e estudou gestão escolar.

Numa entrevista recente ao ZAP, o docente explicava que as manifestações se têm multiplicado, quer a nível nacional, quer a nível local, porque há uma “carga muito forte de raiva. Os professores são gente ordeira mas mostram raiva. Raiva multipartidária, partidária e interpartidária, o que lhe quiserem chamar. É algo totalmente novo neste tipo de mobilizações”.

Essa raiva é o motor para isto continuar. As pessoas estão a lutar pela sua sobrevivência e os políticos não estão a perceber isso”, reforçou, antes de deixar o seu próprio exemplo.

“Ganho menos entre 450 e 500 euros do que deveria ganhar, se o estatuto da carreira do docente fosse cumprida. E eu nem sou dos que estão piores”.

“Há pessoas que não podem estar doentes porque, se ficarem, vão ser indigentes. Há professores a dormir em rulotes. Outros ficam durante uma semana, ou mais, a dormir no carro – porque é difícil arranjar alojamento”, denunciou Luís Braga.

Desta vez é a sério”. Porquê? Porque, explicou ao ZAP o docente de Viana do Castelo, “quando uma coisa é muito espremida, chega o momento em que não há mais nada a espremer. Salta a mola”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. «…Há muita gente que não tem qualidades nem capacidades de ensino, não devia estar a ensinar, não por razões morais mas por razões técnicas, profissionais, porque não sabem para elas quanto mais para os outros…» – Joaquim Letria

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