Greve nas bilheteiras da CP com adesão de 85%. Rodoviária de Lisboa chega aos 70%

Miguel A. Lopes / Lusa

A greve dos trabalhadores das bilheteiras das estações da CP registava cerca das 07:40 desta quarta-feira, uma adesão a rondar os 85%, não estando a afetar a circulação de comboios, disse à agência Lusa fonte sindical.

“Às 07:40, a maioria das bilheteiras estava encerrada. Para esta greve, que abrange apenas os trabalhadores das bilheteiras, não foram decretados serviços mínimos”, disse Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

De acordo com Luís Bravo, a circulação ferroviária não está a ser afetada pela greve.

A greve de 24 horas, convocada pelo SFRCI, visa a defesa de aumentos salariais que reponham o poder de compra e melhores condições de trabalho.

A paralisação envolve só os trabalhadores operacionais das bilheteiras e respetivas chefias, que são cerca de 500 em todo o país, mas para os dias 12 e 23 de junho estão marcadas outras greves com todos os trabalhadores.

Os associados do SFRCI participaram com outros sindicatos numa greve de 24 horas no dia 16 maio e os revisores, por si representados, fizeram greves parciais nos dias 23 e 27 de maio em defesa de aumentos salariais e melhores condições de trabalho.

Segundo o sindicato, “a administração da CP e as tutelas continuam indiferentes ao brutal aumento do custo de vida, com uma taxa de inflação de 7,2%”, o que “significa que num salário de 1.000 euros os trabalhadores perdem 72 euros/mês”.

Perante a atual conjuntura, os trabalhadores do comercial e transportes “entendem que valores entre 6,50 euros e 12,39 euros acrescidos de 0,14 euros no subsídio de refeição propostos pela CP são insuficientes”.

Os trabalhadores das bilheteiras queixam-se igualmente de “condições de trabalho deploráveis”, em várias estações sem climatização e em instalações com mobiliário desadequado e velho.

As greves marcadas para os dias 12 e 23 de junho são ambas de 24 horas, mas a primeira realiza-se a sul de Pombal e a segunda a norte de Pombal.

A CP – Comboios de Portugal anunciou, no dia 16 de maio, que chegou a um acordo com 12 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, ficando de fora as três estruturas que convocaram a greve que decorreu nessa data.

Do acordo alcançado resultou o aumento salarial de 0,9%, com efeitos retroativos a 01 de janeiro de 2022, a uniformização do subsídio de refeição para 7,74 euros e a integração dos trabalhadores da ex-EMEF na tabela salarial da CP, com efeitos retroativos a 01 de janeiro.

Nelso Silva / Flickr

O entendimento prevê ainda a aplicação aos trabalhadores da ex-EMEF das regras consagradas no Acordo de Empresa da CP relativamente à organização do trabalho, abonos e variáveis retributivas.

Lisboa: Adesão à greve Lisboa ronda os 60 a 70%

A adesão à greve de 24 horas dos trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (RL) para reivindicar aumentos salariais rondava às 07:00 desta quarta-feira os 60 a 70%, disse à Lusa fonte sindical.

“A adesão hoje aponta para os 60 a 70%, um bocadinho menos do que nas anteriores greves que andava à volta dos 80%”, disse à Lusa o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), João Casimiro, adiantando que “ainda é cedo”.

De acordo com João Casimiro, as revindicações dos trabalhadores são as mesmas das anteriores paralisações, ou seja, é pedido um aumento salarial para 750 euros, de forma a “compensar o salário mínimo”.

Atualmente, o ordenado médio de um trabalhador da RL é de cerca de 700 euros (brutos), enquanto o ordenado mínimo nacional é de 705 euros.

A greve, convocada pelo Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), teve início às 03:00 de hoje e termina às 03:00 de quinta-feira.

Esta é a 13.ª paralisação que os motoristas da RL realizam desde julho do ano passado, tendo a mais recente greve sido feita em 02 de maio, altura em que também foi apresentado um pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário para o mês de maio.

Segundo João Casimiro, desta vez não foi apresentado um pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário “para a empresa não ter a desculpa” e alegar que, havendo greves marcadas, os trabalhadores não querem negociar.

O representante disse ainda que o sindicato não marcou mais paralisações por esperar que a empresa entre em contacto para voltarem à mesa das negociações.

Entre as reivindicações dos trabalhadores encontram-se ainda a atualização do salário dos demais trabalhadores na mesma percentagem do que os dos motoristas, a atualização do subsídio de refeição nos mesmos termos percentuais do aumento do salário dos motoristas, a redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas e a valorização da carreira da manutenção.

Em julho, a RL vai passar a integrar a recém-criada Transportes Metropolitanos de Lisboa, que operará nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

Atualmente, a Rodoviária de Lisboa, empresa de transporte rodoviário de passageiros, opera nos concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, todos no distrito de Lisboa, servindo cerca de 400 mil habitantes.

Lusa //

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