Orçamento para 2025 prevê quase o dobro das despesas para modernizar a defesa do país, incluindo a compra de um sistema de defesa antiaéreo semelhante ao de Israel — que custa dois mil milhões de euros.
A Grécia prepara-se para quase duplicar os seus gastos com defesa no próximo ano, conforme previsto no orçamento para 2025 aprovado pelo parlamento grego no passado domingo.
As despesas do Ministério da Defesa vão aumentar dos 3,6 mil milhões de euros aprovados para este ano para 6,1 mil milhões de euros. Além dos investimentos em jatos de combate, fragatas, submarinos e armas inteligentes, está prevista a compra de um escudo de defesa aérea – ou uma “cúpula de ferro”, semelhante ao sistema antiaéreo israelita – para prevenir ataques de drones e mísseis.
“Hoje, a Grécia está a traçar o seu próprio caminho em termos de estabilidade e crescimento num ambiente internacional de instabilidade“, declarou o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis no domingo, saudando o apoio dos partidos da oposição à medida.
Nikos Dendias, ministro da Defesa, disse no sábado no parlamento que os gastos são essenciais devido aos desafios que o país enfrenta, especialmente da parte da Turquia, histórica rival.
“Estes gastos são excessivos? Quem se posiciona contra isto precisa de explicar quais são os critérios que está a considerar. O país está ameaçado? E de onde vem a principal ameaça ao país?”, questionou, salientando que a Turquia gasta 26,8 mil milhões de euros em armamento.
A Grécia destina cerca de 3% da sua produção económica anual à defesa, mais do que a maioria dos países da União Europeia, algo que é justificado sobretudo pelo histórico de tensão com a Turquia.
“Em comparação com 2019, até 2025, os gastos com saúde terão aumentado em 74% e os gastos com defesa em 73%, destacando as prioridades do governo”, afirmou o ministro da Economia, Kostis Hatzidakis, no final de novembro ao apresentar o orçamento ao parlamento.
Sistema capaz de intercetar drones
Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, Atenas tem contado com um sistema europeu comum de defesa aérea contra aeronaves, mísseis e drones inimigos. Fundado pela Alemanha, o escudo europeu inclui 21 países, entre os quais a Grécia. Agora, o país pretende atualizar as suas defesas.
De acordo com o The Times of Israel, a Grécia está em negociações avançadas para adquirir um sistema de defesa antiaérea e antimísseis israelita por 2 mil milhões de euros. O sistema é capaz de intercetar drones – muito mais pequenos do que foguetes, que voam baixo e muito mais devagar.
O famoso sistema de defesa aérea de Israel mostrou-se crucial na interceção da maioria dos mísseis iranianos que se aproximaram de território israelita, no início de outubro. A Cúpula forma a primeira linha de defesa, intercetando foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia. Recorre a um radar que deteta e calcula a trajetória dos mísseis que se aproximam e interceta os que constituem ameaça.
Criado em 2006 na altura do conflito no Líbano com o Hezbollah – que matou dezenas de israelitas através de ataques aéreos — Israel tem 10 exemplares deste sistema, considerado um dos melhores sistemas de defesa aérea a nível mundial.
Os gregos estão também a negociar a compra de 36 sistemas de artilharia de foguetes israelitas, o que deverá custar até 700 milhões de euros, segundo o jornal.
Atenas elaborou um plano de compras de vários milhares de milhões de euros para os próximos dez anos, que inclui também a aquisição de até 40 novos caças F-35 dos Estados Unidos e quatro fragatas francesas, refere a reportagem.
O foco dos novos sistemas de defesa são as fronteiras a nordeste da Grécia com a Turquia e as suas ilhas no Mar Egeu. Os dois países, aliados da NATO, estão há muito tempo em desacordo sobre questões como os limites das plataformas continentais, os recursos energéticos e as disputas territoriais na ilha de Chipre.
ZAP // DW