Uma mulher grávida de oito meses foi forçada a ir para casa com o filho morto na barriga, por não haver vagas num hospital da zona de Lisboa, para realizar o procedimento cirúrgico de remoção do feto.
O caso aconteceu com Tânia Pinto, de 32 anos, uma lojista que, aos oito meses de gravidez, descobriu que a filha estava morta no útero. Uma notícia trágica que recebeu na passada terça-feira, numa consulta de rotina no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, no distrito de Lisboa.
Tânia Pinto recebeu medicação para induzir o parto que ficou agendado para o dia seguinte, ou seja, esta quarta-feira, 25 de Outubro, como relata o Correio da Manhã (CM).
Mas quando compareceu na unidade de saúde para a realização do procedimento, foi informada de que não havia vagas para a atender porque havia “casos mais urgentes”, apurou o mesmo jornal.
Sugeriram-lhe, então, que “ficasse num quarto com outras mulheres grávidas, ou recém-mães com os bebés”, conta ao CM o marido da grávida, Luís Pinto. Uma situação que seria muito violenta em termos emocionais para uma mãe que acabou de perder um filho.
A grávida resolveu, assim, ir para casa, recebendo a indicação para comparecer na unidade nesta quinta-feira, para realizar o procedimento médico.
A situação indignou a família. “Para nós é essencial conseguirmos rapidamente fazer o funeral à nossa filha“, lamenta o pai enlutado em declarações ao CM. “Não fechamos o ciclo da morte do nosso filho, é desumano“, diz ainda.
Luís Pinto repara que a mulher atravessa um momento complicado e diz que “não come, não fala”. “Psicologicamente está a ser muito duro e fisicamente ela tem muitas dores“, realça, lamentando que não lhe “disponibilizaram sequer apoio psicológico”.
O melhor da Revolução dos Cravos – o Serviço Nacional de Saúde – está em apressada extinção. A cada dia que passa, maior é o meu receio e a minha frustração..