As baleias comem três vezes mais do que se pensava (e isso é bom para o ecossistema)

Cientistas descobriram que as baleias comem pelo menos três vezes mais do que se pensava, uma descoberta que mostra o papel importante que desempenham no que toca a manter os oceanos saudáveis.

Tal como conta o site Business Insider, os investigadores que conduziram o estudo desenvolveram sensores que conseguem detetar os peixes e krill (pequenos crustáceos que fazem parte do zooplâncton) enquanto as baleias os comem. Os sensores, cujo funcionamento pode ser visto no vídeo abaixo, foram usados para rastrear 321 baleias de sete espécies diferentes no Oceano Antártico, ou Oceano Austral.

Através desta tecnologia, a equipa descobriu que estas baleias comem três ou mais vezes do que se pensava anteriormente. O que significa que as populações que antecederam a caça da baleia, só neste oceano, teriam comido cerca de 400 milhões de toneladas métricas de krill por ano (o dobro da quantidade total de krill que existe hoje na Antártida).

Por que motivo é tão importante saber isto? Estes resultados, publicados a 3 de novembro na revista científica Nature, só mostram como tem sido devastador para os nossos oceanos matar tantas baleias todos os anos.

Na década de 70, os cientistas presumiram que, sem as baleias para caçá-los, as populações de peixe e de krill iriam explodir e que outros predadores iriam prosperar, à medida que preenchessem a lacuna na cadeia alimentar. Mas não foi isso que aconteceu (e o ecossistema nunca recuperou).

À medida que as baleias se alimentam e defecam, redistribuem o ferro presente nos seus excrementos para a superfície do oceano. É isso que faz com que este ferro esteja disponível para o fitoplâncton que, por sua vez, é comido pelo krill e que depois é comido pelas baleias. Sem estes grandes cetáceos, grande parte desse ferro acaba no fundo do oceano, saindo efetivamente do ecossistema.

“Acreditamos que as baleias atuam como recicladoras de nutrientes essenciais neste ecossistema”, disse Matthew Savoca, o autor principal do estudo e investigador da Hopkins Marine Station, o laboratório marinho da Universidade de Stanford.

Concluindo, tendo as baleias um papel crucial no ecossistema, restabelecer a sua população não só no Oceano Antártico, bem como noutros oceanos, seria benéfico para os ambientes marinhos.

“Acabaríamos por ver mais krill e mais baleias e provavelmente também veríamos, como consequência de um ecossistema mais saudável, mais peixes e as populações de pinguins a conseguirem recuperar-se. Há todo o tipo de consequências a jusante”, disse também Nicholas Pyenson, curador de fósseis de mamíferos marinhos na Smithsonian Institution e outro dos autores do estudo.

ZAP //

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