Ainda ninguém conseguiu explicar o que causou o “Grande Pânico das Ovelhas” de 1888

Na noite de 3 de novembro de 1888, milhares de ovelhas de centenas de quintas de Oxfordshire, no Reino Unido, assustaram-se todas ao mesmo tempo e fugiram. Quase 130 anos depois, os especialistas, tal como as ovelhas, ainda estão perplexos.

“O Grande Pânico das Ovelhas”, foi um evento curioso e ainda hoje sem explicação, que ocorreu na noite de 3 de novembro de 1888, no sul da Inglaterra.

Nessa noite, por razões desconhecidas, dezenas de milhares de ovelhas em diferentes rebanhos entraram simultaneamente em pânico. Normalmente calmas à noite, desataram a correr descontroladamente e fugiram em todas as direções.

O bizarro evento ocorreu em Oxfordshire e alastrou a outros condados da região, numa área de cerca de 520 km2.

As ovelhas tresmalhadas foram encontradas na manhã seguinte, dispersas pela região, a quilómetros de distância dos campos onde tinha sido deixadas, encolhidas debaixo de sebes, algumas delas ainda ofegantes de terror.

Duas semanas mais tarde, conta a BBC Science Focus, o jornal The Times excluía a hipótese de “ato malicioso” porque “nem mil homens poderiam ter assustado e libertado todas estas ovelhas”.

Os acontecimentos voltaram a repetir-se no ano seguinte e quatro anos mais tarde, a 4 de dezembro de 1893. Mais uma vez, o epicentro do ataque de pânico foi em Oxfordshire, e os seus efeitos também se fizeram sentir nos condados vizinhos.

Durante décadas, foram propostas diversas teorias para explicar o estranho comportamento — incluindo perturbações meteorológicas, tempestades elétricas, ataques de predadores, ou mesmo atividades humanas que poderiam ter assustado os animais, terramotos, ou algum tipo de fenómeno atmosférico.

Mas ninguém ouviu a explosão de um meteoro, nem sentiu um terramoto na região, e também não houve registo de nada de estranho com o tempo.

Em janeiro de 1921, um artigo publicado na revista Nature sugeriu que poderia ter sido um relâmpago a desencadear o fenómeno.

Aquela tinha sido “uma noite intensamente escura, com relâmpagos, e as ovelhas são animais notoriamente tímidos e nervosos, que podem entrar em pânico”, explica o artigo, citando um estudo do naturalista Oliver Vernon Aplin. No entanto, as ovelhas enfrentam regularmente tempestades sem entrar em pânico.

Segundo conta o Amusing Planet, Aplin conduziu em 1894 uma extensa investigação ao incidente do ano anterior, tendo recolhido relatos de inúmeras testemunhas oculares, e sugeriu que a causa destes ataques de pânico seria simplesmente o medo da escuridão.

“A conclusão a que cheguei foi que a causa do pânico era simplesmente a escuridão densa. Muito poucas pessoas, provavelmente, alguma vez saíram numa noite realmente escura, e é impossível a qualquer pessoa que não tenha tido essa experiência imaginar o que é e a sensação de impotência que provoca“, diz Aplin, que publicou as suas conclusões no Journal of the Royal Agricultural Society.

Segundo o naturalista britânico, os animais vêem perfeitamente bem em noites escuras normais, mas em noites excecionalmente escuras, em que não se vê nada, podem sentir-se encurralados e dominados por um sentimento de impotência.

Assim, diz Aplin, ovelhas amontoadas em pequenos currais acabavam a embater umas nas outras ou no comedouro e assustavam-se. A primeira a ficar assustada precipitava-se, provocando várias colisões e dando início a um efeito dominó. Em pouco tempo, o medo do desconhecido teria levado todo o rebanho a correr loucamente.

No entanto, as conclusões de Aplin são contestadas pela generalidade dos cientistas e especialistas que ao longo do tempo se debruçaram sobre o assunto.

A falta de evidências concretas, o fenómeno ter ocorrido numa área extensa, e ter acontecido de forma sincronizada deixam o acontecimento envolto em mistério até hoje — e a causa do bizarro comportamento permanece sem explicação.

Isso, claro, para quem não acredita em extra-terrestres.

ZAP //

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