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Depois do GP da Turquia, o mundial de pilotos tem novo líder. Campeão? Só lá para a última corrida

Grande Prémio da Turquia ficou marcado pela chuva que caiu ainda antes do arranque e que polvilhou de incerteza a corrida, com as equipas sem perceberem qual a melhor escolha ou estratégia de pneus a implementar. Bottas, que partiu da pole herdada de Hamilton, venceu de forma contundente.

Se ainda restavam dúvidas de que os dois títulos em disputa no atual mundial de Fórmula 1 se irão decidir, ao que tudo indica, na última jornada, em Abu Dhabi, a corrida deste fim-de-semana voltou a reforçar essa tese. Numa pista onde o W12 da Mercedes entrou como favorito — o favoritismo acabaria por se confirmar —, foi Max Verstappen, piloto da Red Bull, que voltou a liderar a tabela do campeonato de pilotos, apesar de ter terminado em segundo, atrás de Valtteri Bottas (Mercedes). O seu rival direito na luta pelo título, Lewis Hamilton terminou em quinto.

O britânico partiu do 11.º lugar da grelha, apesar de ter sido o mais rápido na qualificação. A mudança nas posições de arranque aconteceu devido à decisão da equipa alemã de mudar algumas das componentes da unidade motriz do seu monolugar, a terceira permitida. No último fim de semana de Fórmula 1, na Rússia, o mesmo aconteceu com Verstappen, mas é seguro dizer que a recuperação do piloto dos Países Baixos (mandado para o final da grelha por ter mudado todas as peças do motor) foi muito mais bem-sucedida do que a do sete vezes campeão do mundo, que a Mercedes acreditava conseguir recuperar com facilidade.

À semelhança do que aconteceu no ano passado, a corrida fez-se à chuva, o que veio aumentar a imprevisibilidade, deitar por terra todas as estratégias definidas desde o Q2 na véspera e deixar as equipas dependentes dos radares meteorológicos.

Valtteri Bottas, contra muitos prognósticos saiu a liderar da curva 1, acabando por construir, em muitos momentos, uma vantagem confortável face a Max Verstappen, que nunca constituiu uma verdadeira ameaça para o finlandês e para a Mercedes.

Já Lewis Hamilton, acabaria por perder muito tempo — certamente mais do que esperaria — atrás de Yuki Tsunoda (Alpha Tauri), aproximando-se dos primeiros lugares apenas quando a maioria dos pilotos já tinham ido às boxes livrar-se do primeiro jogo de pneus intermédios de chuva (todos calçaram um jogo semelhante, à exceção de Sebastian Vettel [Aston Martin] que, após arriscar nos pneus de banda amarela, rapidamente se arrependeu e retomou os intermédios).

Nessa altura, o debate na box da Mercedes era se pararia Lewis Hamilton ou o deixaria em pista para terminar a corrida com o mesmo jogo de pneus com que a começara, correndo, assim, o risco de estes rebentarem nas últimas voltas e o que poderia ser um terceiro ou quarto lugares seguros — juntamente com os pontos que lhe estão inerentes nas lutas pelos títulos — evaporarse. Cientes deste risco, a equipa — contra a vontade de Hamilton — obrigou-o a parar.

Um dilema semelhante foi vivido na box da Ferrari, desta feita com Charles Lecrerc. Tirando partido da mais recente atualização do motor que recebeu na última corrida, o monegasco qualificou-se em quarto lugar — subindo a terceiro face à penalização de Hamilton — e acabaria por fazer uma prova irrepreensível, escapando às câmaras da transmissão televisiva durante grande parte da corrida.

Isto até às paragens de Bottas e de Verstappen nas boxes, com a liderança da corrida a cair-lhe no colo. Perante a benesse, o piloto rapidamente tratou de perguntar à equipa se poderia ir até ao fim com os mesmos pneus, tendo recebido luz verde. Mas ficou claro que o desempenho dos compostos não lhe iria permitir manter Bottas, Verstappen e até Sérgio Pérez (todos com pneus intermédios de chuva novos) atrás, pelo que também ele acabou por parar.

Quem deixa Istambul com motivos para sorrir é o titular do segundo carro da Ferrari, Carlos Sainz. O espanhol, que também teve direito a nova unidade motriz e a consequente penalização que o mandou para os últimos lugares da grelha de partida, mostrou mais uma vez que é um grande piloto à chuva e foi escalando posto atrás de posto, tendo terminado em oitavo — uma clara demonstração da equipa italiana que por diversas vezes já fez saber que deixou de melhorar o monolugar deste ano para se focar no de 2022.

No sentido oposto, a Mclaren, que vinha de uma quase vitória na Rússia, conseguiu apenas minimizar os danos com o sétimo lugar de Lando Norris — a mesma posição em que iniciou a corrida. Daniel Ricciardo foi uma das surpresas, pela negativa, da qualificação de sábado, acabando com o 15.º melhor tempo. Como tal, a equipa de Woking acabou por também mudar peças na unidade motriz do australiano, o que lhe ditou um início de corrida a partir do último lugar da grelha.

Ao contrário de Carlos Sainz, piloto que foi substituir na Mclaren, Ricciardo não conseguiu superiorizar-se a carros francamente menos competitivos na grelha, tendo ascendido quase aos lugares pontuáveis apenas na sequência das múltiplas paragens dos restantes pilotos — acabaria por terminar em 13.º. Fica a sensação que a vitória em Monza caiu dos céus e que, afinal, Ricciardo e o MCL16 continuam sem se entender.

Destaque ainda para Esteban Ocon, piloto da Alpine, que fez o que muitos quiseram mas as equipas não deixaram: acabou mesmo a corrida com o mesmo jogo de pneus intermédios de chuva com que a havia iniciado — igualando um recorde com 24 anos. Nas imagens captadas no fim da prova eram bem visíveis as bolhas e as camadas de borracha rompidas, o que levou o francês a dizer aos jornalistas que “mais umas curvas e o risco de os pneus rebentarem estava lá”.

Como ficam as classificações?

Mais uma corrida, mais uma alteração nos dois primeiros lugares da tabela referente ao mundial de pilotos — e, ao que tudo indica, com seis corridas restantes, assim será para continuar. Depois de Lewis Hamilton ter saído de Sochi a liderar, na sequência da sua vitória no Grande Prémio, é a vez de Max Verstappen retomar a liderança do campeonato. A separar os dois estão seis pontos. Valtteri Bottas consolidou o terceiro lugar, naquela que muito provavelmente terá sido a sua última vitória como piloto Mercedes. Já Sérgio Pérez, apesar do terceiro lugar, continua sem ultrapassar Lando Norris no quarto lugar.

Já no que concerne ao mundial de construtores, a Mercedes aumenta a vantagem que já tinha face à Red Bull, graças aos resultados que tem vindo a conseguir de forma consistente com os dois monolugares nas últimas corridas — ao passo que a marca austríaca tem pontuado sobretudo com Verstappen. Na luta pelo terceiro lugar, a Ferrari diminuiu a vantagem para a Mclaren, numa luta que se espera também vir a durar até à última corrida do campeonato e que vai depender, para além do desempenho dos pilotos, das pistas que mais favorecem um ou outro carro.

A edição de 2021 do mundial de Fórmula 1 entra agora num momento verdadeiramente decisivo. Findas as corridas em solo europeu, a competição será agora discutida no continente americano (Estados Unidos da América, México e Brasil) antes de rumar ao Médio Oriente (Qatar, Arábia Saudita e Abu Dhabi) para o tudo ou nada, antes da derradeira bandeirada axadrezada ser dada a 12 de dezembro.

ARM //

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