O governo de esquerda na Suécia anunciou esta sexta-feira que vai manter a energia nuclear e substituir reatores em fim de vida, esquecendo as promessas de um abandono progressivo das centrais nucleares.
Apesar das promessas, feitas durante a campanha para as legislativas de 2014, de suspensão do desenvolvimento da política nuclear, os sociais-democratas e os verdes chegaram a acordo com a oposição para a construção de um máximo de dez reatores para compensar o encerramento das unidades envelhecidas ou não-rentáveis.
O objetivo é garantir o fornecimento energético do país a longo prazo, de acordo com o documento assinado, pela direita, pelos moderados, centro e cristãos-democratas.
“A Suécia deve dotar-se de uma rede elétrica sólida, caracterizada por uma elevada segurança no fornecimento, um fraco impacto ambiental e tarifas concorrenciais”, de acordo com o texto do acordo.
O partido de Esquerda (extrema-esquerda), os liberais e os Democratas da Suécia (extrema-direita) não são signatários do acordo, que a organização não-governamental ecologista Greenpeace considerou “um travão ao desenvolvimento de energias renováveis“.
O governo decidiu também abolir, em 2019, uma taxa sobre a produção nuclear, mas o Estado vai recuperar o imposto perdido – cerca de 500 milhões de euros por ano – com uma subida do IVA sobre a eletricidade.
O fim desta taxa era “uma condição prévia importante” para os investimentos necessários à modernização do parque nuclear sueco, realçou, em comunicado, Magnus Hall, diretor-geral da companhia pública de eletricidade central Oskarshamn, gestora de sete reatores.
Dos 9 reatores em funcionamento, construídos nas décadas de 1970/80, 3 devem ser encerrados até 2020: dois na central de Ringhals (oeste), e um em Oskarshamn (sudeste), onde a filial sueca do grupo alemão E.ON é maioritário. A central Oskarshamn 2 já foi encerrada.
O acordo fixa um objetivo de 100% de energias renováveis até 2040 e defende um investimento nas energias solar, eólica, hidráulica e nas bioenergias.
Questionado sobre este objetivo é compatível com a manutenção do nuclear, o ministro da Energia social-democrata, Ibrahim Baylan, respondeu: “É um compromisso”.
/Lusa