Governo do Kosovo cai em plena crise da Covid-19

Divergências relativamente à gestão da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus levaram, esta quarta-feira, à queda do Governo do Kosovo, que estava há apenas sete semanas no poder.

Um dos dois partidos do Governo, a Liga Democrática do Kosovo (LDK), de cariz conservador, apresentou uma moção de censura contra o Executivo, do qual fazia parte com o partido ultra-nacionalista Vetëvendosje (VV), do primeiro-ministro Albin Kurti.

A proposta do LDK teve o apoio de 82 dos 120 deputados do Parlamento, segundo o portal Koha, que transmitiu a sessão de 12 horas.

Kurti argumentou no plenário de deputados que o seu Governo está a gerir bem a crise da Covid-19 e alertou que a verdadeira razão da moção existir é a de abrir caminho para uma troca de territórios com a Sérvia, da qual o Kosovo se tornou unilateralmente independente em 2008.

No Kosovo, um dos países mais pobres da Europa, 71 pessoas testarem positivo para a Covid-19, havendo ainda a registar um morto devido à pandemia. De acordo com o semanário Expresso, os últimos dias têm sido marcados por protestos de cidadãos, a partir das varandas de suas casas, que não percebem o desentendimento entre os partidos num momento como este.

Durante uma sessão parlamentar, um cidadão, violando as regras do confinamento, surgiu mesmo com uma tarja que continha a inscrição: “A pandemia mais perigosa do Kosovo é a classe política. São uma vergonha!“.

O LDK apresentou a moção de censura depois de Kurti ter demitido o ministro do Interior, membro do LDK, por apoiar o decreto de estado de emergência para enfrentar a pandemia.

A medida, considerada desnecessária e extrema pelo primeiro-ministro, foi proposta pelo Presidente do Kosovo, Hahim Thaci, que, por sua vez, criticou o Governo por limitar as horas em que os cidadãos podem sair.

O Governo kosovar assumiu funções a 3 de fevereiro, após quatro meses de negociações.

O Presidente deverá agora pedir a Kurti que tente formar um novo Governo. Caso isso não seja viável, serão realizadas novas eleições, pela terceira vez em três anos.

ZAP // Lusa

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