/

Governo espanhol não exclui ataque cibernético no apagão (e revela terceira anomalia)

1

Julien Nizet / Belgian Presidency of the Council of the European Union

A ministra da Transição Ecológica de Espanha, Sara Aagesen

A ministra da Transição Ecológica de Espanha advertiu este domingo que serão necessários “muitos dias” para que se conheça a origem do grande apagão na Península Ibérica que paralisou o país na segunda-feira, e mantém em aberto a possibilidade de que tenha ocorrido um ataque cibernético.

Em entrevista ao El País, Sara Aagesen, vice-presidente do Governo de Espanha e ministra da Transição Ecológica, admitiu a possibilidade de o apagão de segunda-feira ter sido causado por uma anomalia nas instalações fotovoltaicas no sudoeste da Espanha, conforme já mencionado pelo operador da rede elétrica espanhola, REE.

No entanto, a ministra adiantou que será ainda necessário algum tempo até que se possa saber a causa exata do apagão. “Estamos a falar de muitos dias”, disse Sara Aagesen. “Todas as hipóteses estão em aberto, incluindo a de um ataque cibernético.

Quanto ao papel que as energias renováveis poderiam ter desempenhado no apagão, a ministra referiu que “até o momento, não sabemos quais foram as instalações de geração que deixaram de estar no sistema”.

Falar sobre energia solar fotovoltaica pode ser precipitado, embora no mapa podemos ver as diferentes tecnologias de geração em cada área. E há uma grande quantidade de energia solar fotovoltaica no sudoeste da Espanha”, disse a ministra.

Aagesen garantiu também que “as energias renováveis não são inseguras em si” e que é “simplista apontá-las como a origem do incidente“.

Após o grande apagão, vários especialistas apontam o desequilíbrio entre a produção e a procura de eletricidade como a causa do incidente, o que é mais difícil de corrigir sem tecnologias adequadas numa rede em que a energia eólica e solar são mais importantes.

“As energias renováveis estão a dar à Espanha a possibilidade de alcançar uma independência energética muito importante num mundo geopoliticamente vulnerável. Ter sua própria energia autóctone é fundamental”, disse a ministra.

A melhoria das interconexões com países vizinhos, como a França, também poderia contribuir para a estabilidade da rede, de acordo com especialistas citados pela agência AFP.

A esse respeito, a ministra considerou, na entrevista deste domingo, que após o apagão, “chegou o momento de a França tomar consciência de que as interconexões têm de ser feitas, sim ou sim”, para tornar mais segura a rede elétrica da Península.

Detetada terceira anomalia 19 segundos antes

Já esta segunda-feira, em entrevista à televisão pública espanhola TVE, Aagesen adiantou que foi identificada uma terceira anomalia nos segundos que antecederam o apagão.

A ministra revela que 19 segundos antes do corte de energia, houve uma anomalia “no sul de Espanha e as outras duas ocorreram no sudoeste”. O sistema elétrico resistiu ao primeiro incidente, mas acabou por ir totalmente abaixo após as duas anomalias seguintes, registadas só 5 segundos antes da falha.

Segundo avança a ministra, as empresas de eletricidade que operam na Península Ibéria, como as espanholas Endesa e Naturgy e a portuguesa EDP, “nunca advertiram” o governo de Madrid de que “algo assim podia acontecer”. “Não estávamos conscientes“, confessa.

“O comité de análise continua a trabalhar para identificar a causa, isolá-la e implementar todas as medidas necessárias para que não volte a acontecer“, garante a responsável política.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.