Governo castiga com “impostos a mais” para “fazer de conta” que distribui

José Sena Goulão / LUSA

Luís Montenegro, Alexandre Poço e o editor Luís Nunes dos Santos

“Estamos a pagar impostos a mais face ao que estamos a necessitar para cumprir as tarefas do Orçamento do Estado”, avisa Luís Montenegro.

O presidente do PSD acusou hoje o Governo de castigar os portugueses com “impostos a mais” para depois “fazer de conta que tem políticas sociais” e distribuir parte do excedente “no verão ou um bocadinho antes do Natal”.

Na apresentação da nova revista da JSD, “A Democrata”, na Feira do Livro de Lisboa, Luís Montenegro recorreu às previsões do Governo no Orçamento do Estado para a cobrança de receita fiscal — um crescimento de 3%, cerca de 2,3 mil milhões de euros – para concluir que já foi ultrapassada apenas com as receitas contabilizadas até abril, já tendo sido cobrados cerca de mais 2,5 mil milhões do que no mesmo período de 2022.

Estamos a pagar impostos a mais face ao que estamos a necessitar para cumprir as tarefas do Orçamento do Estado”, concluiu.

Por isso, desafiou o primeiro-ministro e o Governo a mudar de atitude: “Não podemos mais pactuar com este princípio de que primeiro cobramos e depois fazemos de conta que temos políticas sociais para ajudar os que mais precisam, primeiro castigamos, impomos sofrimento e sacrifício e quando temos os bolsos cheios pegamos em parte — só parte — do excedente e distribuímos“.

Normalmente, a meio do verão ou um bocadinho antes do Natal“, acrescentou.

Numa plateia composta sobretudo por elementos da Juventude Social-Democrata, Montenegro considerou existir um contrassenso na sociedade portuguesa, que diz precisar de ser resolvido “o mais rápido possível”.

“Não me resigno a um país que perde duas ou três dezenas de milhares de jovens qualificados todos os anos e os entrega de borla aos nossos países de destino depois de termos investido tanto do nosso esforço e meios para os qualificar”, afirmou, considerando que tal situação deve “envergonhar todos os políticos e sobretudo os governantes”.

O presidente do PSD considerou até que este problema se agravou nos últimos anos, avisando ser desonesto comparar o atual período com o que se passou nos anos da ‘troika’.

“Restabelecida a capacidade de o país decidir o seu futuro, não se compreende como é que o Governo da República está conformado com esta situação”, criticou.

Na sua intervenção — não falou à margem à comunicação social -, Montenegro considerou ser “uma dor de alma” que o país não consiga segurar “uma juventude altamente qualificada”, e elencou algumas medidas já propostas pelo PSD, como um IRS de 15% para os jovens até aos 35 anos, isenções fiscais na primeira habitação ou apoios do Estado para cobrir parte da garantia dos empréstimos destinados à compra de casa.

“Somos muito acusados de não de ter soluções, alternativas ou políticas, mas isto tudo já foi vertido em projetos-lei”, vincou, apontando ainda outras propostas, no âmbito da revisão constitucional, como a criação de um conselho de coesão territorial e geracional ou a redução da idade de voto para os 16 anos.

Montenegro deixou um apelo aos governantes e aos políticos para que arrisquem e aceitem soluções arrojadas, acusando o PS de ser “o Governo do ‘powerpoint’ que mexe e remexe e deixa tudo na mesma”.

Antes, o líder da JSD, Alexandre Poço, justificou o lançamento de uma revista física (que terá também uma versão online) com o objetivo de “produzir pensamento” na área política do PSD, numa era mais virada para o digital.

O primeiro número da revista, que terá periodicidade mensal, tem artigo do presidente do PSD, no qual elege “serviços públicos, fiscalidade, revisão constitucional e habitação” como os quatro eixos para dar à juventude portuguesa “uma Nova Esperança e uma Nova Ambição”.

O antigo líder do CDS-PP Paulo Portas escreve também nesta edição, recordando que, quando pertenceu à JSD, editou o suplemento ‘jovem’ que integrava o jornal oficial do PSD, o Povo Livre.

“Lembro-me desse ativismo editorial porque a minha consciência política nasceu de uma admiração juvenil (até hoje imutável) por Francisco Sá Carneiro“, escreve o antigo vice-primeiro-ministro do Governo de coligação PSD/CDS-PP entre 2011 e 2015, liderado por Pedro Passos Coelho.

// Lusa

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