Governo cai nos Países Baixos depois de boicote da extrema-direita

Robin Van Lonkhuijse / ANP / EPA

Maior partido da coligação de direita holandesa deixa o governo por falta de aprovação de medidas anti-imigração (que nem foram a parlamento).

A coligação holandesa caiu na manhã desta terça feira, depois da retirada do partido mais votado da coligação, o PVV (Partido da Liberdade).

Em causa está um conjunto de 10 medidas (9 delas dizem respeito à “política de imigração mais rigorosa de sempre” prometida pelo partido) que o PVV, liderado por Geert Wilders propôs.

“Não há assinatura para os nossos planos de asilo… O PVV abandona a coligação”, escreveu Wilders no X esta segunda feira.

O partido de Wilders foi o mais votado nas últimas eleições nos Países Baixos, tendo coligado para formar governo com o também populista Movimento dos Agricultores-Cidadãos (BBB), o centrista Novo Contrato Social (NSC) e o liberal Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD).

No entanto, Wilders quis agora rever os acordos feitos com a coligação, com o objetivo de fazer os colegas de governo aceitar as 10 medidas sobre imigração e asilo.

Segundo a DW, na ótica de vários analistas, essas medidas seriam inviáveis ou mesmo ilegais. Algumas delas incluem o encerramento das fronteiras para os requerentes de asilo, ou a deportação de cidadãos com dupla nacionalidades que cometem um crime.

A coligação tinha agendado para esta terça feira conversações de crise, para discutir as medidas, que Wilders queria implementar o mais rápido possível (não as queria trazer a parlamento, mas sim levar os colegas a aceitá-las sem votação global). Mas esta manhã não houve acordo entre os partidos.

Decisão “irresponsável” (mas com precedentes)

Não é a primeira vez que um governo holandês cai pelas mãos de Geert Wilders. Em 2012, o PVV abandonou as negociações para cortar 16 mil milhões de euros do orçamento, e a crise política instalou-se.

Agora, sem o PVV, o principal partido do governo, a coligação cai e o governo colapsa novamente. Os colegas da direita já reagiram com críticas à queda do governo motivada por Wilders: Caroline van der Plas, presidente do BBB, considerou a decisão “irresponsável“, e a centrista Nicolien van Vroonhove chamou-lhe “incompreensível“.

O presidente do VVD, Dilan Yeşilgöz, escreveu que Wilders está “mais uma vez a colocar o seu próprio interesse acima do interesse do país, ao fugir numa altura de incerteza sem precedentes”.

O primeiro-ministro Dick Schoof, que não pertence a qualquer partido, ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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