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Água poderá ser racionada durante a noite. Mas é uma “hipótese teórica”

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worldbank / Flickr

O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admite o racionamento da água durante a noite em algumas localidades e aconselha a população a habituar-se a gastar menos devido à seca que o país atravessa.

Carlos Martins admite que esta é a seca mais longa que o país já viveu e, nesse sentido, defende o racionamento, salientando a inexistência de muitos instrumentos para lidar com a seca, a não ser ter cuidado com a utilização da água.

“Admito, no entanto, que em algumas situações concretas isto possa acontecer em períodos noturnos, por exemplo, porque isso até teria vantagem de, em redes de municípios com perdas de água importantes, pelo menos no período noturno não perderiam água”, disse.

O secretário de Estado do Ambiente considerou também importante que os “municípios e as entidades gestoras dos serviços de água devem reduzir as pressões de água“.

“Quando se reduz a pressão, por cada minuto que temos a torneira aberta, acaba por haver um menor débito e portanto estamos a fazer uma poupança induzida por essa perda de pressão. O que é mais importante é o autocontrolo das pessoas, ou seja, para que não sejam vítimas de racionamento, elas próprias têm de ter comportamentos de melhor consumo e uso da água, serem mais eficientes“, salientou.

Nesse sentido, o secretário de Estado aponta como medidas essenciais a toma de banhos mais rápidos, eventualmente mais espaçados no tempo, fazerem uma utilização mais disciplinada dos sanitários, não fazerem lavagens dos dentes, das mãos ou da loiça com água a correr e efetuarem regas de jardim com água já usada e durante a noite.

Questionado sobre se a falta de água pode vir a causar aumentos nas faturas da água e da eletricidade, Carlos Martins disse que “este ano ainda não”, porque os preços são regulados anualmente pela entidade reguladora, que é independente e não depende do Governo.

“No que diz respeito à energia elétrica não consigo ter essa avaliação, mas a ERSAR, neste caso a ERSE, que é o regulador para os serviços elétricos, ponderará se a EDP, não produzindo energia a partir da solução hídrica, terá custos superiores ou inferiores recorrendo à solução eólica, à solução solar, ao carvão ou ao gás. Portanto, esse é uma matéria sobre a qual nós não temos conhecimento detalhado, mas seria tentado a dizer que não vai haver esse agravamento, mesmo nos quatro municípios mais afetados”, disse.

Carlos Martins destacou também que a chuva prevista para esta semana é insuficiente para fazer face à seca “mais longa que Portugal já viveu”.

“Veremos se com o evoluir do tempo, se as medidas que começam esta semana – mais camiões a transportar água da Aguieira para Fagilde, mais camiões a transportar água do Planalto Beirão e da Barragem das Águas do Norte para os reservatórios de Mangualde, Nelas e Viseu – nos permitirão ter uma situação mais tranquila“, salientou.

O secretário de Estado do Ambiente lembrou também que a Comissão de Gestão de Albufeiras já iniciou um intenso programa de comunicação na comunicação social e nos multibancos, no “sentido de levar as pessoas a comportamentos mais adequados“.

Questionado sobre se consegue quantificar prejuízos, Carlos Martins destacou que o ministério “não tem esses dados apurados”.

“Acredito que o Ministério da Agricultura acompanhe de muito perto essa situação. Nas reuniões que temos de caráter interministerial, esse assunto tem sido suscitado”, indicou.

De acordo com o índice meteorológico de seca do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a 15 de novembro, verificou-se um aumento da área em situação de seca extrema em todo o território de Portugal Continental.

Segundo o IPMA, a 15 de novembro cerca de 6% do território estava em seca severa e 94% em seca extrema.

Racionamento de água é medida “no fim da linha” diz o ministro do Ambiente

“As medidas de racionamento de água estão no fim do fim da linha e não faz nenhum sentido pensar nelas agora. Estamos a fazer tudo para que a água nunca falte, em conjunto com as autarquias, e o que é fundamental é as pessoas pouparem água”, disse o ministro, em Évora.

Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, em que admite o racionamento de água à noite, João Pedro Matos Fernandes disse tratar-se de uma “hipótese teórica“.

O secretário de Estado, na entrevista, de acordo com o ministro, “admite a vaga possibilidade” desse racionamento de água, “durante algumas horas” por dia, em “algumas autarquias onde a água está mesmo quase, quase a faltar” e “em situações muito específicas”.

A suspensão da água durante a noite é “uma hipótese teórica. Não é esse o nosso caminho”, afirmou, esclarecendo também, caso a medida tenha de avançar, “não é o Governo que raciona”.

A decisão é sempre da autarquia” e trata-se de uma decisão sobre a qual o Governo tem “quase a certeza” de que não vai ser necessária, frisou o ministro, que falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura da edição deste ano do Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG), que hoje arrancou na cidade alentejana.

// Lusa

6 Comments

  1. Será muito bom que haja medidas e rápidas, e que o poder publico e autárquico tome consciência, medidas essas para que efectivamente não cheguemos a estar privados de um tão necessário à vida como a ÁGUA!

  2. Não acredito que com a crise da seca, nascentes de rios a secar ainda se vejam pessoas a lavar carros e ruas com água que de outro modo seria preciosa.
    E recionar água é apena uma hipótese? Por que edperam para agir?

    • Completamente de acordo, é RIDÍCULO ver gente em 2017 a lavar a entrada, passeio ou calçada gastando centenas ou mesmo milhares de litros de água, em vez de pegar numa vassoura e limpar… VERGONHOSO este país! O Civismo é algo que não assiste à quase totalidade dos portugueses… Quando as torneiras estiverem secas vamos ouvir queixume e lamúrias!

  3. Caros Amigos. Ao contrário da mensagem que se quer passar o governo português é responsável pelo atual estado da água em Portugal. E não é apenas este governo. São todos os que por lá passaram.
    Já devia ser obrigatório há muito tempo o sistema de dupla canalização nas novas habitações, que possibilite utilizar águas sujas para as descargas das sanitas por exemplo. Já deveria haver uma obrigação de no caso de moradias novas contemplar uma área para recolha de água e posterior rega de jardins. Os próprios serviços públicos e camarários não fazem a mínima ideia de onde passam as tubagens de água. Os cadastros não existem, pelo menos corretamente. Em muitos casos é preciso ir buscar a casa pessoas reformadas que se lembrem onde passam as condutas de água. Em muitos casos há perdas de água sem serem devidamente reparadas. O preço da água deveria ser mais alto de modo a racionalizar ainda mais o seu consumo (sim racionalizar e obviamente com consequência, racionar).

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