António Cotrim / Lusa

A deputada comunista Paula Santos
Líder parlamentar dos comunistas fala em silenciamento durante o acordo do Governo liderado por António Costa.
A Assembleia da República chegou a ter mais de 40 deputados comunistas – década 1980, nos tempos de Álvaro Cunhal.
Olhando para um passado mais próximo, a CDU conseguiu 17 deputados em 2015 (e assim integrou o acordo à esquerda que formou o Governo na altura).
Mas, quatro anos depois, caiu para 12 deputados e em 2022 desceu de forma abrupta para 6 deputados.
No ano passado, um mínimo histórico: apenas 4 deputados eleitos do PCP. Nenhum do PEV.
Foi por causa da geringonça? “É uma pergunta muito complexa”, começou por responder Paula Santos.
A líder parlamentar do PCP lembra que cada eleição tem o seu contexto, no meio de uma “bipolaridade” entre PS e PSD.
Mas não esconde críticas ao PS de António Costa, nos tempos da denominada geringonça: “Houve apropriação entre 2015 e 2019 por parte do PS de medidas – como manuais escolares ou passe social, reposições de rendimentos – que só avançaram pela intervenção e pela influência do PCP”.
Na rádio Observador, a deputada fala mesmo em “operação de silenciamento e de apagamento da intervenção do PCP”.
Dá como exemplo o acesso à comunicação social: “Não se colocou em cima da mesa as intervenções, as propostas do PCP – que não são destacadas“.
Mas em 2025, se for preciso, o PCP volta a juntar-se ao PS para formar Governo? “Uma lição que podemos tirar dessa altura (2015): o que marcou a diferença e que contribuiu de facto para as melhorias das condições de vida foi a força do PCP”.
“Se queremos avançar, romper com caminho, a opção é o reforço do PCP e da CDU. Na altura não houve mais avanços porque o PS não quis“, continuou a deputada comunista.
Paula Soares reforçou que uma CDU reforçada iria dar melhores condições de vida aos portugueses, mas não deixa uma resposta definitiva sobre nova geringonça à esquerda: “O que vai determinar são os resultados, as preferências dos eleitores. Não vou estar a antecipar cenários“.
A gerigonça talvez tenha sido um dos governos que melhor governou nos últimos tempos. O dr. Costa aproveitou-se dos partidos de esquerda para conseguir uma ardilosa maioria e, depois, deixou-os cair, sem dó nem piedade, atribuindo-lhes culpas que não tiveram. Enfim, a política no seu melhor! Eles ficaram na mó de baixo e ele subiu até Bruxelas! Excelente manobra política. Aliás, já tinha tido um comportamento semelhante com Seguro que, dignamente, só voltou a aparecer quando Costa deixou a cena politica nacional para iniciar voos mais altos.!!!