Os genes influenciam a idade em que se perde a virgindade

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A idade em que se inicia a vida sexual não é apenas influenciada por factores sociais e culturais, mas também pela genética. É o que conclui uma nova investigação britânica em torno do ADN.

Os factores genéticos “explicam em cerca de 25% as diferenças na idade em que as pessoas começam a fazer sexo”, constata o investigador que liderou o estudo, o endócrinologista pediátrico Ken Ong, do Instituto de Ciência Metabólica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em declarações ao Discovery News.

Embora factores sócio-culturais como a estabilidade familiar, a pressão dos pares e o tipo de personalidade sejam determinantes para a decisão de iniciar a vida sexual, os genes também têm “uma influência substancial”, salienta o investigador.

Os investigadores analisaram os genes de mais de 125 mil participantes de um estudo britânico de saúde que reuniu dados do ADN e informações particulares de meio milhão de pessoas, no Reino Unido, entre 2006 e 2010.

E logo aí confirmaram uma associação entre 38 variedades de genes e a idade a que os participantes tiveram a sua primeira relação sexual, conforme se salienta no estudo publicado no Nature Genetics.

Depois, esses dados foram cruzados com as informações sobre genes de cerca de 241 mil islandeses e de 20 mil norte-americanos, o que, no total, dá uma amostra geral de mais de 380 mil pessoas.

Entre os genes identificados como estando associados à idade da perda da virgindade, alguns influenciam a idade a que a puberdade começa, enquanto outros determinam alguns traços de personalidade.

E entre estes, aqueles que tornam as pessoas mais atrevidas e capazes de assumir riscos, também são os que influenciam essas pessoas a terem a sua primeira relação sexual mais cedo.

Os investigadores ainda detectaram que, nas mulheres, muitos desses genes estão igualmente ligados à idade de nascimento do primeiro filho e ao número de filhos.

A pesquisa concluiu, assim, que as pessoas que passam pela puberdade mais cedo, são também mais propensas a fazerem sexo mais prematuramente e a terem filhos mais cedo.

“Mesmo que os factores culturais e sociais sejam claramente relevantes, demonstramos que a idade da primeira relação sexual é também influenciada por genes que actuam no timing da maturidade física da infância e por genes que contribuem para as nossas diferenças naturais em termos de tipos de personalidade”, nota à NBC News John Perry, investigador do Conselho Britânico de Investigação Médica que também esteve envolvido na pesquisa.

Ong ainda evidencia que “o tamanho da influência de factores genéticos permaneceu constante, ao logo de décadas de crescimento, desde os anos de 1950 até aos de 1980” – uma referência que tem em conta o facto de a idade média da maturidade sexual, tanto para rapazes como raparigas, ter descido dos 18 anos, em 1880, para os 12.5, em 1980.

Isto comprova, segundo o endócrinologista, que “os factores genéticos são relevantes entre uma gama alargada de atitudes culturais e sociais”.

Investigações anteriores concluíram que os jovens que começam a sua vida sexual mais prematuramente têm maior tendência para ter uma saúde física e mental mais débil, com maior propensão para doenças do coração, diabetes e cancros.

Também já havia indícios que associavam uma sexualidade prematura a maus resultados escolares, uma ideia que esta pesquisa britânica vem sublinhar com dados concretos.

Ong e Perry descobriram que as pessoas com variáveis genéticas associadas com o início da vida sexual mais cedo têm menos probabilidades de conseguirem completar uma formação académica e mais probabilidades de se tornarem fumadoras.

SV, ZAP

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