Gémeas de 10 anos viviam presas em garagem sem ir à escola. Pais queixam-se de falta de ajuda

A PSP deteve um casal na Amadora que é suspeito de manter as filhas gémeas de 10 anos presas numa garagem, em condições desumanas e sem irem à escola. Os pais de 51 e 34 anos queixam-se da falta de ajuda das instituições.

O Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) refere que as duas crianças, irmãs gémeas de 10 anos, viviam em condições “deploráveis e sem salubridade”, presas numa garagem sem janelas e expostas a violência física e psicológica.

Em comunicado, o Cometlis refere que as duas crianças “andavam mal vestidas, que não iam à escola e que presenciavam agressões físicas e psicológicas entre os pais”.

A detenção dos pais, um homem de 51 anos e uma mulher de 34, ocorreu na passada quarta-feira, 14 de Agosto, na sequência de de uma investigação policial. São suspeitos de dois crimes de violência doméstica, tendo sido presentes ao Tribunal de Instrução Criminal da Amadora, para primeiro interrogatório judicial. Ficaram em liberdade com Termo de Identidade e Residência.

Entretanto, as duas crianças, em articulação com a EMAT (Equipas Multidisciplinares de Apoio Técnico aos Tribunais) da Amadora, foram retiradas aos pais e acolhidas numa residência de acolhimento temporário.

“Tentamos pedir ajuda e sempre nos recusaram”

No interior da garagem onde viviam as gémeas com os pais, além de lixo acumulado, haveria muitos gatos e cães e nem sequer uma casa de banho. O pai assumiu na SIC que para tomarem banho tinham que aquecer a água no micro-ondas e lavar-se num alguidar.

O electricista de automóveis contou à CMTV que viviam na garagem “para não dormir debaixo da ponte”, queixando-se da falta de resposta das autoridades aos pedidos de ajuda que diz ter feito.

“Estávamos à espera que alguma entidade nos viesse ajudar”, referiu o homem, frisando que não acredita que as filhas lhe sejam retiradas definitivamente. “As instituições não podem ser só para nos prejudicar, têm que ser para nos informarem e estarem ao nosso lado”, apontou ainda, garantindo que “nunca faltou nada” às filhas, “nem amor de família”.

O pai afirmou ainda que não conseguiu inscrever as filhas na escola “por falta de documentação”, pois não teriam o Cartão de Cidadão. “Tentamos pedir ajuda e sempre nos recusaram”, garantiu, lamentando que tinha “dificuldades em sustentar a família”, mas assegurando que as crianças eram alimentadas.

A mãe das crianças frisou, também em declarações à CMTV, que pediram ajuda na Junta de Freguesia e na Segurança Social sem terem obtido resposta.

A mulher confirmou ainda que houve uma denúncia de violência doméstica por alegadas agressões do marido contra ela no passado, altura em que a Comissão de Protecção de Menores acompanhou a família. Mas ao cabo de algum tempo, terá deixado de a supervisionar, concluiu.

ZAP // Lusa

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