O icónico géiser de Yellowstone está em perigo de extinção

Num clima mais quente e seco, a água subterrânea que alimenta o géiser ativo mais alto de Yellowstone pode diminuir, resultando em erupções menos frequentes ou até mesmo na sua extinção.

O Géiser Steamboat, o géiser ativo mais alto da Terra, pode ser a próxima vítima das alterações climáticas.

À medida que as temperaturas aumentam e as chuvas diminuem no oeste norte-americano, as reservas de água subterrânea do Parque de Yellowstone podem tornar-se insuficientes para alimentar o icónico géiser. Esta é a conclusão de um artigo científico recentemente publicado na Geochemistry, Geophysics, Geosystems.

“A água subterrânea é combustível para os géisers”, começou por explicar Michael Poland, geofísico e cientista responsável pelo Observatório do Vulcão Yellowstone, que não esteve envolvido nesta investigação, ao Live Science. “Sem água, não há nada para os géisers entrarem em erupção.”

Ao contrário do Old Faithful, que explode 20 vezes por dia, o Steamboat não entra em erupção num cronograma previsível e experimenta períodos de seca que podem durar entre três dias e 50 anos.

Para determinar a causa destes períodos de seca, os cientistas procuraram pistas nas árvores que crescem à volta da abertura do géiser.

Quando o Steamboat entra em erupção, cobre a vegetação com uma fina camada de sílica, um mineral encontrado nas rochas vulcânicas que formam os géisers. Esta chuva de sílica é um registo confiável da atividade passada do Steamboat e um excelente alvo de estudo para a comunidade científica.

“Quando a sílica precipita, obstrui os caminhos que permitem que as árvores respirem, façam a fotossíntese e cresçam”, referiu o principal autor do estudo, Shaul Hurwitz, um hidrólogo do Serviço Geológico dos Estados Unidos. É por esse motivo que as árvores de Yellowstone não tendem a sobreviver além dos 300 anos, ainda que as explosões do géiser possam preservar as suas estruturas de madeira durante séculos.

Nesta investigação, os investigadores analisaram restos de árvores datados por radiocarbono que estavam a 14 metros da abertura e detetaram três períodos de crescimento: no final do século XV, meados do século XVII e final do século XVIII.

Depois, compararam esses períodos com registos climáticos regionais e descobriram que os períodos de seca do Steamboat coincidiam com os períodos de seca.

“Mesmo pequenas mudanças na precipitação podem afetar o intervalo entre as erupções”, concluiu Hurwitz. “Mais água significa erupções mais frequentes, enquanto menos água significa erupções menos frequentes.” A mudança dos padrões climáticos e as temperaturas extremas podem exacerbar esses efeitos.

ZAP //

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