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A população de gatos explodiu na Ilha do Fogo. O problema é sério

O desaparecimento de um predador natural abriu caminho a outro, que invade por várias vias. Quem sofre é o ecossistema da ilha nova-iorquina.

Fire Island, estreita faixa de terra costeira ao sul de Long Island, em Nova Iorque, nos EUA, viu recentemente a sua população de gatos selvagens disparar inesperadamente.

Agora, a enorme população de gatos selvagens está a colocar em risco a sobrevivência do borrelho-assobiador (Charadrius melodus), pequena ave costeira, ameaçada, que nidifica diretamente no solo, avança o Biographic este mês.

A ilha só tem 300 metros de largura e é refúgio natural para quem procura praias isoladas e florestas raras de azevinho. Já na década passada, estes passarinhos estavam sob ameaça por causa do turismo e do aumento da frequência de tempestades.

Em 2012, o furacão Sandy partiu a ilha em vários segmentos, mas as aves escaparam relativamente ilesas. Em 2015, chegou outra “praga”: uma epidemia de sarna sarcóptica, altamente contagiosa entre canídeos, quase exterminou as populações de raposas-vermelhas — os principais predadores naturais dos borrelhos.

Inicialmente, o declínio das raposas foi um alívio para as aves, mas o vazio ecológico deixado pelas predadoras que atacavam os seus ninhos foi rapidamente preenchido por outras espécies predadoras —  guaxinins, gambás e muitos, mas muitos gatos selvagens.

Os gatos terão invadido a ilha por várias vias — atravessando pontes, aproveitando o gelo no inverno para caminhar até lá ou até sendo deixados por humanos. Alguns animais apresentavam sinais de participação em programas de captura, esterilização e devolução — tornou-se evidente pelas orelhas cortadas.

Estes programas, no entanto, não impedem a reprodução, a disseminação de doenças nem a deslocação dos animais para outras áreas: os gatos têm de ser removidos.

Até porque já se nota o impacto da invasão. A taxa de predação de borrelhos por gatos é superior à registada quando as raposas eram os principais predadores.

As autoridades do Parque Nacional e investigadores concentram esforços na restauração dos habitats das aves, tentando manter as zonas de dunas abertas e com vegetação esparsa — ideais para que os borrelhos detetem ameaças e minimizem perturbações humanas.

ZAP //

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