As oscilações do mercado internacional têm causado um enorme aumento de preços do gás de botija, mas a concentração do mercado em três empresas também explica as subidas.
Desde 2018 que os preços do gás em garrafa estão em máximos devido ao mercado internacional de petróleo, escreve o Expresso. Cerca de dois terços das famílias portuguesas consomem gás em garrafa, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)
A 3 de Dezembro, o preço do gás butano vendido em garrafa era de 2,243 euros por quilo e o do propano era de 2,663 euros. O regulador acompanha estes dados desde 2018 e nunca o preço tinha estado tão caro.
No início deste ano, o preço do quilo do gás butano estava nos 1,930 euros, o que significa que o valor aumentou 31,3 cêntimos ao longo do ano. Já a nível internacional, o preço de referência aumentou 29,6 cêntimos. O único imposto que se alterou foi o IVA, que cresceu proporcionalmente de 36,1 cêntimos por quilo para 41,9.
Já o gás propano aumentou 34,3 cêntimos em 2021, tendo o IVA subido 6,4 cêntimos. O preço de referência internacional, no entanto, subiu apenas 20 cêntimos.
No boletim do regulador referente a Outubro, a botija de gás mais vendida em Portugal custava 27,97 euros caso fosse de propano e 27,74 euros caso tivesse butano — uma subida de 4 e 3 cêntimos, respetivamente, em relação ao mês anterior.
De acordo com José Alberto Oliveira, diretor técnico da Apetro — Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas — os preços acompanham os mercados internacionais, mas os efeitos da sazonalidade e os detalhes específicos de cada país também afetam os valores. Apesar disto, os custos de armazenagem, distribuição e comercialização desceram.
A elevada concentração também explica os altos preços, visto que os três principais operadores (Galp, Rubis e Repsol) controlam 85% do mercado de butano em garrafa e detém a maioria das instalações usadas para a receção, armazenamento e expedição dos produtos.
A DECO lembra que a criação de uma tarifa de gás solidária e a imposição de um redutor universal para todas as marcas foram medidas que ficaram pelo caminho e que o gás que fica nas botijas quando estas são substituídas continua a ser pago.
O especialista Pedro Silva, da DECO, sublinha a importância de uma estratégia que ajude os consumidores de gás de botija a ter eletrodomésticos mais eficientes e menos poluidores, à base da eletricidade. A descida do IVA para 6% em toda a energia doméstica é também fundamental para ajudar as famílias.
Entre as dicas para poupar estão a pesquisa de diferentes pontos de venda com o recurso à internet, ter consumos mais regrados com a redução da temperatura e do caudal do esquentador ou ao desligar-se o fogão um pouco antes da refeição estar pronta e o uso de placas de indução ou bombas de calor como alternativas.