Gangue paramilitar sequestra dez pessoas e rouba milhões em bitcoins em Castelo Branco

Grupo atuava de forma “organizada e quase profissional” e roubou bitcoins no valor de três milhões de euros em duas situações de sequestro. É o primeiro roubo de bitcoins registado na Diretoria do Centro, mas pode haver mais casos.

Um grupo de seis homens e uma mulher, com idades compreendidas entre os 37 e os 52 anos, foi detido esta terça-feira pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de roubo agravado e sequestro, em Castelo Branco e Idanha-a-Nova.

“Recorrendo a ações do tipo paramilitar” — quer no tipo de abordagem às vítimas, quer na forma de se equiparem e manusearem armas —, o gangue que atuava de forma “organizada e quase profissional” roubou, segundo a Diretoria do Centro da PJ, bitcoins no valor de três milhões de euros.

Segundo o diretor da PJ do Centro, o grupo tinha atribuídos diferentes papéis a cada um dos seus elementos, com os sequestros e roubos a decorrer sempre durante a noite e no interior das habitações das vítimas.

Na primeira situação de roubo e sequestro, o grupo conseguiu assegurar a transferência de bitcoins com um valor de mercado na altura de três milhões de euros. Foram sequestradas cinco pessoas que moravam numa propriedade rural, sendo uma delas forçada a transferir a moeda virtual com recurso a uma arma de fogo, avança o Correio da Manhã.

Parte do valor roubado terá sido utilizado “em viagens, na aquisição de bens de elevado valor e automóveis de gama elevada”, referiu Leitão.

Já no segundo caso — em que terão sido sequestrados outros cinco indivíduos — a transferência de cerca de 38 mil euros em bitcoins acabou por não se consumar, com a PJ a acreditar que ter-se-á registado algum tipo de problemas informático, esclareceu.

Questionado pela agência na conferência de imprensa dedicada a esta detenção, Leitão referiu que “tudo indica” que algum dos elementos detidos pudesse ter tido no passado “formação militar”.

Quer as vítimas, quer os suspeitos dos crimes eram cidadãos estrangeiros, referiu, esclarecendo que os detidos residiam em Portugal ou tinham ligações ao país.

Questionado pela Lusa sobre como eram identificados os alvos, Jorge Leitão referiu que ainda não é claro para a investigação qual o modus operandi do grupo, acreditando que pudesse haver algum conhecimento local ou a obtenção de informação através das redes sociais, que permitia ao grupo atuar de forma “extremamente organizada, extremamente profissional, em que todas as pessoas sabiam o que estavam a fazer, com frieza e ponderação”.

Questionado sobre a possibilidade de apreensão de carteiras de bitcoins dos suspeitos, o responsável referiu que estão a ser efetuadas “diligências no sentido de recuperação de ativos“, nomeadamente as criptomoedas.

Naquele que é o primeiro roubo de bitcoins de que há registo por parte da Diretoria do Centro, Jorge Leitão salientou que poderá haver mais casos que não tenham sido denunciados, esperando que a publicidade do caso possa incentivar outras vítimas a relatar a sua situação.

ZAP // Lusa

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