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Galp está entre as empresas afetadas pela crise na Petrobras

GOVBA / Flickr

Batismo da Plataforma P-59 da Petrobras em Maragogipe

Batismo da Plataforma P-59 da Petrobras em Maragogipe

A petrolífera portuguesa Galp é uma das pelo menos seis empresas europeias que manifestou nas últimas semanas ter já sentido o impacto da crise financeira que atravessa a Petrobras e dificulta as operações dos seus fornecedores.

“A reprogramação do plano de negócios no Brasil é mais devido à falência de empresas prestadoras de serviços à Petrobras”, disse o presidente cessante da Galp, Ferreira de Oliveira, em declarações aos jornalistas à margem de um encontro com investidores, em Londres, em meados de março.

Em causa estão seis plataformas que deveriam entrar em operação em 2017 e que agora só deverão começar a funcionar em 2018, explicou, o que teve um impacto: “O nosso diagnóstico dita um ano de atraso, mas é uma estimativa da média de todos os atrasos”, adiantou Ferreira de Oliveira.

Contactada hoje pela Lusa, a Galp escusou-se a comentar diretamente a situação na Petrobras, a petrolífera brasileira a braços com uma crise financeira motivada pelas restrições impostas pelas autoridades no seguimento das investigações do processo Lava-Jato, que está a comprovar ligações de financiamento ilegal entre anteriores diretores da empresa e vários proeminentes políticos.

A Galp é, no entanto, apenas uma das várias empresas europeias que já sentiram o efeito da crise nas suas contas e que enfrentam dificuldades e atrasos nos pagamentos, como a espanhola Repsol, a italiana Saipem e a britânica BG Group, de acordo com a contabilização feita pela agência de informação financeira Bloomberg.

No princípio da década, a Saipem investiu 300 milhões de dólares no Brasil, juntando-se a uma longa lista de empresas que queriam ter negócios com a Petrobras, uma pujante companhia petrolífera brasileira que ‘prometia’ grandes descobertas de petróleo numa zona nova conhecida como ‘pré-sal’, uma espécia de camada por baixo do fundo do mar, e investia mais de 100 milhões de dólares por dia.

Agora, o escândalo financeiro e político está a obrigar a empresa a cortar nas despesas, a vender ativos superiores a 13 mil milhões de dólares e está arredada, na prática, dos mercados interancionais, tendo o ‘rating’ das agências de notação financeira sido deteriorado.

“O Brasil é um grande mercado; quando pára, isso afeta toda a indústria”, admitiu o presidente executivo da Siem Offshore, uma empresa operadora de navios de abastecimento petrolífero, que enfrenta agora o problema de saber se os quatro a seis navios que estão reservados para a Petrobras vão ou não ser necessários.

A Halliburton, um gigante petrolífero mundial, assumiu também que a situação na Petrobras implica novos “desafios” para a companhia, com a atividade no país a continuar a decair, e outras empresas admitiram também, durante as sessões de apresentações de resultados aos investidores, que há atrasos nos pagamentos da Petrobras e até pedidos explícitos de adiamento de contratos, de acordo com a compilação feita pela agência Bloomberg.

Na terça-feira, a presidente do Brasil, numa entrevista exclusiva à Bloomberg, garantiu que a Petrobras iria, até ao final de abril, apresentar uma declaração orçamental que tem sido sucessivamente adiada.

Dilma Rousseff negou que tivesse conhecimento dos subornos praticados na empresa que dirigiu entre 2003 e 2010 e, no mesmo dia, as ações subiram significativamente, também por causa da notícia do empréstimos de 3,5 mil milhões de dólares contraído junto do Banco de Desenvolvimento da China, o braço financeiro do Executivo chinês.

/Lusa

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