A Galp vai adquirir 10% do projecto de exploração de lítio da Mina do Barroso, em Montalegre, por 6,4 milhões de dólares (5,26 milhões de euros). O acordo assinado com a Savannah Resources implica que a Galp ficará com metade da produção de lítio.
A Galp adquire “uma posição de 10% do capital nas subsidiárias portuguesas da Savannah que detêm a Mina do Barroso por 6,4 milhões de dólares [5,26 milhões de euros]”, anuncia a empresa mineira australiana num comunicado enviado à bolsa de Londres.
O valor “vai ser usado para dar continuidade aos trabalhos com vista ao estudo definitivo de viabilidade do projecto, após as devidas autorizações e a conclusão dos acordos definitivos com vista à parceria”, aponta ainda o documento.
“A presença e a experiência estratégicas da Galp no sector energético português e europeu serão uma significativa mais-valia para levar o projecto até à fase de produção”, considera também a Savannah Resources.
Além da aquisição de 10% do capital que permite à Galp entrar na administração da mina, a empresa de combustíveis assegura a participação em metade da produção de lítio da mina.
“A Galp e a Savannah vão avaliar, em regime de exclusividade, um contrato de offtake para até 100.000 toneladas de concentrado de lítio da Mina do Barroso, equivalendo a aproximadamente 50% da produção anual”, destaca-se no comunicado da empresa australiana.
Promotores falam de “convincentes benefícios”, mas população discorda
O director executivo da Savannah, David Archer, fala da Galp como “um potencial investidor e um futuro parceiro estratégico“, notando que se trata de uma das “empresas europeias lideres no espaço da energia e das renováveis” e que tem um compromisso com a “transição energética”, além de possuir “a riqueza da experiência no desenvolvimento de projectos de grande escala”.
“Acreditamos que a baixa pegada de carbono do concentrado de lítio da Mina do Barroso fornecerá uma base fundamental para a transição energética da Europa para o sector eléctrico de mobilidade”, destaca ainda Archer.
“A Mina do Barroso vai fornecer uma série de convincentes benefícios económicos, sociais, demográficos e ambientais para a região do projecto, para Portugal e para a Europa”, destaca também o responsável da Savannhah, considerando que será “um catalizador para o desenvolvimento” no nosso país de “potenciais novas indústrias no meio e a montante do ecossistema de baterias de íon-lítio” do Velho Continente.
O projecto tem sido alvo de duros protestos das populações locais e de autarcas da zona, com críticas de que vai afectar as produções agrícolas, de criação de gado e de apicultura numa região que está classificada como Património Agrícola Mundial.
A mina a céu aberto deve produzir mais de um milhão de toneladas de minerais por ano, o que será suficiente para fabricar baterias para 250 a 500 mil carros anualmente.
Susana Valente, ZAP // Lusa