Os quatro funcionários do Aeroporto de Lisboa detidos recentemente pela Polícia Judiciária (PJ) tinham em sua posse droga para um milhão de doses. De acordo com as autoridades, os homens não se conheciam, embora trabalhassem no mesmo local.
“Já há muito tempo que estavam envolvidos no negócio, em introduzirem grandes quantidades de droga m Portugal. Um deles era monitorizado por nós há mais de um ano”, disse ao Expresso Rui Sousa, coordenador de investigação criminal na Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE).
Segundo a PJ, os detidos – entre eles dois funcionários do ‘handling’ – na Operação “Limpeza Profunda II” trabalhavam para redes de tráfico portuguesas e estrangeiras. “Para quem lhes pagasse mais”, indicou Rui Sousa.
Os suspeitos recolheram a droga no porão de um avião que vinha da América Latina. “As quatro caixas não tinham um destinatário legítimo. Foram transportadas para fora do aeroporto sem serem abertas e fugindo ao controlo alfandegário”, disse a PJ, indicando que a droga chegava para fazer um milhão e cem mil doses individuais.
Há um mês, outra fonte da PJ revelou ao Expresso que os traficantes podiam pagar a funcionários do ‘handling’ cerca de cinco mil euros por cada quilo de cocaína que passasse pela fiscalização do aeroporto e o dobro pelo transporte da droga.
A PJ suspeita que os quatro detidos operavam para as redes de tráfico sem sequer se conhecerem. “Não eram colegas que trabalhassem lado a lado. Eles trabalhavam sem um cabecilha. Era uma estrutura horizontal em que cada um fazia uma parte do seu trabalho”, apontou Rui Sousa.
Uma das pistas que levou à detenção era o facto de os funcionários do ‘handling’ terem um estilo de vida que “pouco ou nada compatível com os ordenados que recebiam” – havia sinais de riqueza e, entre as apreensões, estavam carros topo de gama e um volume elevado de dinheiro.
“Estancámos uma parte destas operações ilegais no aeroporto de Lisboa. Esta era uma entrada importante de roga por via aérea. Ma temos noção de que opodem haver mais suspeitos”, concluiu Rui Sousa.
Os quatro suspeitos ficaram em prisão preventiva.