Fumar marijuana a partir dos 30 anos é mais prejudicial do que quando se é jovem

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Os cientistas dizem que fumar cannabis durante a juventude não traz grandes problemas — mas o mesmo não acontece em idade adulta.

Num novo estudo publicado na revista Addiction Research & Theory, uma equipa de investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, examinou os resultados de sucesso tanto para os utilizadores de cannabis como de anfetaminas.

Utilizando dados de mais de 8.000 mães e 2.000 jovens sobre o consumo de drogas, dos 21 aos 30 anos, a equipa constatou que ambas as substâncias estavam associadas a taxas de sucesso mais baixas, na idade adulta.

Basearam-se em nove critérios específicos, incluindo educação, rendimento, posse de casa própria, relacionamento e felicidade, segundo o Neoscope.

O estudo precisa de ser melhorado. Por um lado, o conjunto de dados sobre mães e crianças na Austrália está desatualizado — alguns dos dados são muito escassos desde 1981 — o que não garante que representem uma população total mais precisa.

Por outro lado, a propriedade da casa e o estatuto de relacionamento não são necessariamente as medidas mais fortes de sucesso.

Os investigadores também reconheceram que os dados não mostravam se os consumidores de cannabis em questão estavam também a ingerir outras drogas para além das anfetaminas, deixando uma enorme questão de correlação a pairar sobre as descobertas.

“Não temos dados adequados sobre outras drogas ilícitas que possam estar a ser usadas, por exemplo, ecstasy, opiáceos e até drogas sintéticas”, escreveram os cientistas no estudo.

“Um subconjunto dos que consomem cannabis, bem como anfetaminas, pode também estar a consumir uma série de outras drogas e pode ser que as nossas descobertas reflitam o consumo no geral em vez do uso específico de cannabis e anfetaminas”, acrescentam.

Ainda assim, os resultados são intrigantes, pelo menos como um ponto de partida para um estudo mais aprofundado.

Basicamente, os investigadores concluíram que pessoas que consumiam droga quando eram mais jovens, tiveram sucesso na vida — desde que renunciassem às substâncias relativamente cedo.

No entanto, os investigadores aperceberam-se de que “pessoas que utilizavam cannabis e anfetaminas aos 30 anos, tinham níveis de sucesso de vida substancialmente inferiores”.

É importante relembrar que a cannabis pode estragar a nossa vida de formas que não estão diretamente relacionadas com a droga.

As pessoas que são apanhadas com ela podem ficar registadas no sistema de justiça criminal, por exemplo, dando início a uma espiral de maus resultados, mais tarde. A nova investigação, por seu lado, não se foca nesses pontos.

“O comportamento anti-social e o contacto com o sistema de justiça criminal são as consequências mais fortes do uso continuado de drogas, juntamente com problemas na escola e comportamento agressivo ou delinquente no início da vida”, argumentou Najman, autor principal do estudo.

Acrescentou ainda que as conclusões “levantam a possibilidade de intervenções direcionadas a jovens que mostram sinais precoces de comportamento anti-social ou fraco desempenho escolar, para assim reduzir o uso de drogas e lhe permitir mais sucesso na vida”.

A Austrália, curiosamente, tem sido uma notável exceção à tendência global mais ampla da legalização da cannabis, que pode muito bem explicar tanto os dados, como as conclusões deste estudo em particular.

A verdade é que ainda não se compreende bem a relação entre o uso da marijuana e o desempenho social. De facto, algumas investigações descobriram que, ocasionalmente, fumar cannabis está associado a uma melhor qualidade de vida.

Alice Carqueja, ZAP //

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