O “fruto proibido” no jardim do Éden era realmente uma maçã?

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A referência ao fruto proibido na Bíblia e a história de como Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden é conhecida. Mas será o fruto proibido realmente uma maçã? E porque é que foi a escolhida na representação da árvore do conhecimento do bem e do mal?

“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Esta é a passagem do Livro de Génesis que fala sobre o fruto.

Mas, segundo um artigo do Ancient Origins, a maçã tem sido utilizada incorretamente como fruto proibido na cultura popular. A Bíblia fala-nos sobre a expulsão do Jardim do Éden após a serpente que guardava a árvore do conhecimento ter manipulado Eva para enganar Adão, tendo os dois caído em tentação.

O problema é que a Bíblia hebraica mais antiga não especifica o fruto proibido. Então, porquê a maçã?

No capítulo seguinte de Génesis, está descrita a tentação de Adão e Eva: “E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu, também, a seu marido, e ele comeu com ela”.

Essas duas passagens têm sido usadas como uma referência metafórica a qualquer indulgência ou prazer que os dogmas da religião considerem ilegal ou imoral. A palavra hebraica aqui utilizada para fruta é ‘peri’, um termo genérico que se refere à fruta pendurada na árvore do conhecimento.

Estudiosos e historiadores acreditam que uma possível má interpretação do latim pode responder à pergunta: “porquê a Maçã?”. A palavra latina ‘malum’ significa “mal”, enquanto que a palavra latina ‘malum’, derivada do grego, significa “maçã”.

O erro de tradução sobre o fruto proibido pode ter ocorrido devido a um incidente no século IV, quando o Papa Damasco ordenou a Jerónimo – estudioso das escrituras -, que traduzisse a Bíblia hebraica para o latim, reelou Robert Appelbaum, professor de literatura inglesa da Universidade de Uppsala, na Suécia.

A tradução da Bíblia para o latim chama-se Vulgata. Como mencionado anteriormente, ‘peri’ pode ter sido qualquer fruta: um figo, uma uva, um damasco ou uma laranja. Jerome traduziu peri como malus, que nessa altura se referia a qualquer fruto com polpa e sementes.

A maçã é também o “fruto proibido” noutras mitologias. Foi neste fruto que começou o lendário mito grego da Guerra de Tróia. Na mitologia nórdica, os deuses acreditavam que a sua imortalidade derivava das maçãs. Nas noites árabes, uma maçã mágica de Samarkand curava todas as doenças humanas.

Na Grécia antiga, Dionísio, o deus do vinho e da fertilidade, terá criado a maçã e apresentando a Afrodite, a deusa do amor. Assim, naquela época, os recém-casados adquiriram o hábito de comer uma maçã para aumentar a fertilidade, antes de entrar na câmara nupcial.

Há também a referência às Maçãs de Ouro das Hespérides, no pomar privado da deusa Hera. No casamento de Zeus e Hera, os presentes eram compostos por ramos com maçãs douradas, mais uma vez associados à fertilidade. Um dos Doze Trabalhos de Hércules consistia no roubo dessas maças, o que implicava enganar Atlas.

A forma de uma maçã pode também estar ligada ao formato do peito de uma mulher, outra razão pela qual pode ser considerada é um símbolo da fertilidade.

A maçã na Europa Medieval e na Cultura Popular

A maçã se tornou tema na arte e na cultura pós-clássica da Europa Ocidental no século XII. A gravura do artista alemão Albrecht Durer, Primeiro Casal de 1504, mostra Adão e Eva ao lado de uma macieira. Em 1533, Lucas Cranach retratou uma maçã, com Adão e Eva ao centro.

Outros artistas renascentistas também utilizaram o tema do fruto proibido, mas escolheram frutas que não eram maçãs. Em Ghent Altarpiece, de Hubert e Jan van Eyck, de 1432, a fruta era uma cidra. Em Evepted By the Serpent, de Defedente Ferrari, no início dos anos 1520, era um damasco. E em The Fall of Man, de Peter Paul Rubens, 1628-29, era uma romã. A obra-prima de Miguel Ângelo, A Capela Sistina, apresenta um fresco com uma serpente enrolada à volta de uma figueira.

O que selou o acordo para a maçã como o fruto proibido na consciência ocidental foi a obra Paradise Lost, do poeta inglês John Milton, de 1667. Nesta, o autor usou a palavra “maçã” duas vezes para se referir ao fruto proibido. No seu trabalho anterior, Areopagitica Milton, de 1644, descreveu o fruto do conhecimento do bem e do mal como uma maçã.

Estas duas obras cimentaram o estatuto da maçã como o fruto proibido e estavam fortemente ligadas à cor para criar uma imagem cristã. A maçã vermelha (a cor do sangue), redonda (fertilidade), dourada (ganância) e de sabor doce (desejo) é o símbolo da tentação e do pecado, sublinhou o artigo Ancient Origins.

A representação do Islão do fruto proibido sempre foi um figo ou uma azeitona.

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