Nos mais de 160 países que celebram o Natal, incluindo aqueles em que o cristianismo não é a religião principal, a diversidade cultural traduz-se em diferentes tradições — algumas bastante invulgares.
Portugal não foge à regra, e tem na lista uma tradição de Natal um pouco invulgar: em algumas regiões do país, é habitual deixar lugares vazios na mesa ‘reservados’ aos entes queridos que morreram recentemente.
Noutras regiões, manda a tradição que, após a ceia de Natal, a mesa deve permanecer intacta durante a noite, em sinal de respeito aos membros da família que já faleceram.
Mas pelo mundo há algumas tradições de Natal bem mais invulgares. A BBC recolheu algumas delas.
Presépio de natal impróprio na Catalunha
Os presépios natalícios na Catalunha não são nada convencionais. Escondido entre os personagens tradicionais, como o Menino Jesus, Maria, José e os diferentes animais, está o caganer.
O caganer é um pequeno boneco, aninhado a fazer as suas necessidades, e que muitas vezes retrata pessoas famosas — de políticos a jogadores de futebol. É muito comum vermos a figurinha de calças em baixo em segundo plano nos presépios.
A tradição não começou como um ato de protesto contra o governo, como poderíamos imaginar. De acordo com os historiadores, o costume existe desde o século XVIII, e a imagem simboliza a fertilização da terra, trazendo prosperidade.
É também uma diversão para as crianças, que são desafiadas a encontrar o caganer escondido no meio do presépio.
Pickles ‘alemães’ nos EUA
O Natal das famílias da região centro-oeste dos Estados Unidos inclui a adorável tradição do Weihnachtsgurke, ou pickles de Natal.
Esta tradição determina que se pendure um ornamento em forma de pickles na árvore de Natal. Os adultos disfarçam o enfeite entre os ramos da árvore — e a primeira criança a encontrá-lo pela manhã ganha um doce.
Os descendentes alemães dizem que se trata de uma tradição que os seus antepassados trouxeram da Europa, mas um estudo realizada pelo instituto YouGov em novembro de 2016 concluiu que 91% dos alemães nunca ouviram falar deste hábito no país.
Frango frito à ceia no Japão
Muitos japoneses consideram-se budistas, xintoístas ou ambos.Assim, as tradições natalícias no país são pouco habituais.
Nos últimos anos, no entanto, um hábito invulgar tem ganhado cada vez mais seguidores: comer frango frito no dia de Natal. Cerca de 3,6 milhões de famílias fazem questão de seguir essa tradição.
As redes de restaurante e fast-food americanas viram com isso o seu negócio prosperar no país, e criaram até um cardápio especial para a ocasião.
A procura é tão alta, que os restaurantes recomendam que se encomende o frango com pelo menos uma semana de antecedência.
O Natal é em janeiro em Moscovo e Kiev
Se quisermos desejar Feliz Natal a amigos russos ou ucranianos, talvez seja de bom tom esperar um pouco mais. Tal como em outros 13 países com forte presença de cristãos ortodoxos, eles celebram a data no dia 7 de janeiro.
Estes países seguem o calendário juliano, criado em 45 a.C., em vez do calendário gregoriano, instituído pelo papa católico Gregório XIII em 1582.
Há 13 dias de diferença entre os dois calendários, o que explica por que o Natal não é celebrado a 25 de dezembro.
Duendes traquinas na Islândia
De acordo com um estudo de 2007, mais de 54% das pessoas na Islândia acreditam em duendes.
Os duendes em questão são os Yule Lads, homens vestidos de elfos que visitam as crianças em todo o país durante o período festivo, deixando prendas em sapatos pendurados nas janelas.
Queimar uma cabra na Suécia
Desde 1966 que a cidade sueca de Gävle, a cerca de 100 quilómetros a norte de Estocolmo, constrói uma cabra gigante de palha, símbolo da celebração do Natal na Escandinávia. Mas a tradição deixa as autoridades da cidade em estado de alerta.
Destruir a cabra de 13 metros de altura tornou-se uma tradição informal. Nos últimos 40 anos, a escultura gigante foi queimada 29 vezes — a mais recente das quais em 2016.
Patinar e rezar na Venezuela
Os fiéis cristãos não deixam de ir à missa de Natal na Venezuela, uma tradição herdada de Espanha. Mas em alguns bairros, as pessoas reúnem-se para patinar, nas chamadas “patinatas“.
As igrejas locais costumam organizar festivais noturnos em que as crianças andam de skate, patins e bicicleta após assistirem à missa. As ruas são fechadas ao trânsito, para que todos possam divertir-se em segurança.
Sapatos e casamento na República Checa
O Natal na República Checa é também uma ocasião em que as mulheres solteiras que querem casar-se tentam descobrir o que o futuro lhes reserva.
De acordo com uma superstição popular, as mulheres devem posicionar-se de costas para a porta de casa e atirar um sapato por cima dos ombros. Se o sapato cair virado para a porta, é sinal de que se casará em breve.
Mas, quando o sapato aponta para a direção contrária, é sinal de que permanecerá solteira — durante pelo menos mais um ano.
Rabanete de Natal no México
A cidade de Oaxaca, no México, é palco de um evento tradicional que antecede o Natal. No dia 23 de dezembro, a cidade mexicana acolhe uma exposição pública de esculturas feitas de rabanete, incluindo presépios natalícios.
O evento reúne habitualmente milhares de pessoas.
Austríacos assustam criancinhas
Esqueça o Halloween. Na Áustria, a melhor ocasião para assustar os amigos é a primeira semana de dezembro — altura em que manda a tradição que as pessoas se fantasiem de Krampus. Esta criatura mitológica, semelhante a um demónio, é ajudante do Papai Noel.
Mas, em vez de entregar prendas às crianças bem comportadas, Krampus castiga as que durante o ano foram desobedientes, malcriadas e não comeram a sopa — capturando-os e fechando-os dentro de um saco.
Assim, nesta época do ano, homens e mulheres colocam as suas máscaras mais assustadoras para assustar as criancinhas.
Então, um Feliz Natal para todos!
ZAP // BBC