Muita emoção e lágrimas marcaram as cerimónias do Centenário das Aparições de Fátima e o próprio Papa Francisco ficou comovido, durante a procissão do adeus. Marcante foi ainda, o abraço que deu à criança brasileira do milagre que levou à canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta.
O menino que os beatos Francisco e Jacinta terão curado, Lucas, deu um abraço ao Papa Francisco, no momento do ofertório na missa da peregrinação internacional, já depois da canonização dos pastorinhos.
Acompanhado pelos pais e pela irmã, o jovem dirigiu-se ao altar do recinto, onde foi acolhido por Francisco, num dos momentos altos de uma cerimónia marcada pela emoção – o próprio Papa Francisco tinha as lágrimas nos olhos quando acenava ao andor de Nossa Senhora de Fátima, aquando da procissão do adeus.
Lucas sofreu uma queda de 6,5 metros a 03 de Março de 2013, quando tinha cinco anos. “Bateu com a cabeça no chão e fez um traumatismo craniano grave, com perda de tecido cerebral”, declarou o pai da criança, João Batista, aos jornalistas em Fátima.
“Teve duas paragens cardíacas enquanto era anestesiado para a cirurgia e foi operado de urgência. Os médicos diziam que ele tinha poucas probabilidades de sobreviver“, contou João Batista, adiantando que a criança teve uma recuperação milagrosa depois de a família ter rezado “a Jesus e a Nossa Senhora de Fátima” e aos pastorinhos.
“Os médicos, incluindo alguns não crentes, disseram não ter explicação para esta recuperação”, notou João Batista.
Primeiras crianças não mártires elevadas a santos
Com base neste milagre, o Papa Francisco canonizou em Fátima, os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto que assim, se tornam nas duas primeiras crianças não mártires a serem elevadas à categoria de santos pela Igreja Católica.
A canonização dos dois beatos foi o ponto alto das comemorações do Centenário das Aparições da Cova da Iria e teve lugar no início da missa que o Papa concelebrou no altar do recinto.
Durante a missa, Francisco usou um cálice feito há 50 anos com mais de 7.000 objectos de ouro, oferecidos por doentes de Portugal, informou o Santuário de Fátima.
Executado em 1967 por José Rosas, joalheiro do Porto, o cálice apresenta a base guarnecida com folhas relevadas e conta com várias pedras preciosas e pérolas, resultantes das peças de ourivesaria e joalharia ofertadas.
Na intervenção na missa, o Papa teve uma palavra especial para os doentes, notando que, mais do que objecto de caridade, são “um tesouro precioso da Igreja” e devem estar inseridos, “a pleno título, na vida e missão” da instituição.
“Não vos considereis apenas receptores de solidariedade caritativa, mas senti-vos inseridos, a pleno título, na vida e missão da Igreja”, afirmou Francisco na tradicional saudação aos doentes que se encontravam no Santuário de Fátima.
Refugiados e África no encontro com António Costa
Antes da missa, o Papa esteve reunido com o primeiro-ministro António Costa que expressou a Francisco a vontade de Portugal colaborar na promoção dos valores da protecção dos mais frágeis, como o acolhimento aos refugiados, a promoção da paz nas instâncias internacionais e o desenvolvimento de África.
Uma família de refugiados do Iraque, que se encontra a viver na região, conheceu o Papa Francisco após o encontro, salientou António Costa aos jornalistas.
À chegada à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, antes da celebração da missa, o Papa Francisco recebeu das mãos de uma menina de três anos uma caixa com um solidéu, que colocou na cabeça, antes de entrar no espaço religioso.
A menina integrava um grupo de crianças e bebés, filhos de funcionários do Santuário de Fátima, que aguardavam o Santo Papa.
Após entrar na basílica pela sacristia, Francisco orou em privado junto dos túmulos de Francisco e Jacinta Marto.
Depois da celebração da missa, e de percorrer o Santuário no “papamóvel”, despedindo-se dos peregrinos, o Papa almoça na Casa de Nossa Senhora do Carmo, onde pernoitou, com um grupo de bispos portugueses, partindo depois para Roma.
Completa-se assim, a sexta visita de um Papa ao Santuário de Fátima, depois de Paulo VI (1967), de João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e de Bento XVI (2010) terem também, prestado a sua homenagem à Virgem Maria.
ZAP // Lusa