A França assume hoje a presidência do Conselho da União Europeia, num cenário marcado por nova escalada de casos de covid-19 devido à variante Ómicron, pelas tensões na fronteira ucraniana e pela contagem decrescente para as presidenciais francesas.
O país liderado pelo Presidente Emmanuel Macron sucede à Eslovénia na presidência semestral rotativa do Conselho da União Europeia (UE), que representa os interesses dos 27 Estados-membros perante a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu, sendo substituído pela República Checa no segundo semestre de 2022.
Macron, que irá apresentar o programa da presidência francesa do Conselho da UE perante o Parlamento Europeu em 19 de janeiro, em Estrasburgo já avançou, no início de dezembro, quais são as prioridades da França para o semestre.
A reforma do Espaço Schengen (área europeia de livre circulação de pessoas), a questão migratória e uma cimeira com a União Africana estão entre as prioridades francesas, que também englobam a realização de uma cimeira da UE em março, para discutir um novo modelo europeu de crescimento e investimento no pós-pandemia.
A defesa da introdução do salário mínimo europeu e da transparência salarial entre homens e mulheres é também uma meta traçada por Paris.
O programa francês inclui ainda uma conferência sobre os Balcãs Ocidentais, em junho, para promover a integração económica da região e “lutar contra a interferência e manipulação por parte de várias potências regionais que procuram desestabilizar a Europa”.
No olhar dos analistas, a presidência europeia semestral, que começa a cerca de três meses do escrutínio presidencial em França, marcado para abril, pode ser um potencial trampolim para Macron, que ainda mantém o ‘tabu’ sobre a sua candidatura, rumo às presidenciais.
A par do escrutínio presidencial (previsivelmente com duas voltas), agendado para 10 e 24 de abril, o país também terá eleições legislativas em junho.
“Esta presidência oferece-lhe uma plataforma que é bem-vinda, de forma a destacar o seu desempenho europeu, para se distinguir de alguns dos seus adversários e para apresentar novas reivindicações, novas ideias”, resume a investigadora Claire Demesmay, do Centro Franco-Alemão Marc-Bloch.
Esta é a 13.ª presidência rotativa semestral assumida pela França desde 1958, e a primeira desde 2008.
// Lusa