França está a oferecer “asilo científico” a americanos. Já há centenas de candidaturas

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“Relatos arrepiantes” de quase 300 pessoas chegaram num só mês à universidade de Aix-Marseille. Cientistas fogem aos cortes de Trump nas Universidades.

A universidade francesa de de Aix-Marseille foi das primeira do mundo a reagir aos cortes da administração Trump às universidades norte-americanas, que verão reduzindo em milhares de dólares o seu financiamento.

A sua resposta chama-se “Safe Place for Science” e convida cerca de 20 investigadores a mudarem-se para França numa espécie de “asilo científico”.

A universidade promete três anos de financiamento nas suas instalações. Esta quinta feira, a universidade disse ao The Guardian que já recebeu 298 candidaturas apenas num mês.

A maioria das candidaturas foi enviada através de mensagens encriptadas, conta o reitor da universidade, Eric Berton, ao jornal francês Libération. “E com elas vieram relatos preocupantes, por vezes arrepiantes, de investigadores americanos sobre o destino que lhes está reservado pela administração Trump”, acrescenta.

Enquanto 135 concorrentes eram americanos, outros 45 tinham dupla nacionalidade, e eram na maioria cientistas experientes em áreas tão diversas como ambiente, humanidades ou ciências da vida.

O ex-presidente francês socialista François Hollande sugeriu recentemente a criação de um estatuto de “refugiado científico”. Tanto o atualmente deputado da ala esquerda como o diretor da universidade acreditam que estes investigadores deveriam ser reconhecidos como refugiados de pleno direito.

“As equipas foram banidas de conferências e privadas de publicações. Os académicos são obrigados a justificar a utilidade dos seus trabalhos, os financiamentos são brutalmente retirados e os dados essenciais aos seus programas são pura e simplesmente apagados”, escreve-se no artigo do Libération.

O projeto de lei, que tem de ser aprovado pelo Parlamento, é uma resposta a um momento histórico, defende Hollande. “É uma forma simbólica de mostrar que a França é um país aberto, numa altura em que os Estados Unidos se fecham sobre si próprios e os regimes autoritários prosseguem políticas agressivas e repressivas”.

ZAP //

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