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Fóssil “incrivelmente raro” pode revolucionar tudo o que sabemos sobre o reino vegetal

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Peter Wilf / Penn State University

Fóssil raro de fruto do género Physalis encontrado na Patagónia argentina.

Fóssil raro de fruto do género Physalis encontrado na Patagónia argentina.

O fóssil de um fruto “incrivelmente” raro, com 52 milhões de anos, pode ajudar os cientistas a encontrar pistas “revolucionárias” sobre a origem e a evolução de vegetais como os tomates, os pimentões e as batatas.

Descoberto na Patagónia argentina, este fóssil de um fruto “incrivelmente raro”, conforme descreve o cientista Peter Wilf, citado pela BBC, será um ancestral das batatas, dos pimentões e dos tomates, situando a origem destes produtos no tempo dos dinossauros.

O achado foi descoberto numa floresta fossilizada na Patagónia, na Argentina, por uma equipa chefiada por Peter Wilf, que é professor de Geociências na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, e pertence ao género botânico Physalis, da família das Solanaceae que inclui a beringela, a batata, o tomate, o pimento, o tabaco e flores como a petúnia.

A casca envolve um fruto pequeno, carnoso, de sementes múltiplas e comestíveis.

Peter Wilf / Penn State University

Fóssil com 52 milhões de anos inclui a estrutura exterior da planta e vestígios do fruto.

Fóssil com 52 milhões de anos inclui a estrutura exterior da planta e vestígios do fruto.

“Um fóssil impossível”

“É como um fóssil impossível. Que se consiga preservar algo tão delicado – esta pequena estrutura de papel. É inédito“, destaca Peter Wilf na revista Science News.

Já em declarações à BBC, o cientista repara que se trata do “único fóssil de fruta encontrado que pertence a este grupo de plantas”.

A fruta descoberta na Argentina é um parente muito próximo dos tomates mexicanos e das fisális.

Acreditava-se que os tomates mexicanos e a fisális teriam evoluído mais recentemente, coincidindo com o período do aparecimento da Cordilheira dos Andes.

Há 50 milhões de anos, a América do Sul estava mais próxima da Antárctida e da Austrália do que está hoje e a temperatura do planeta também era muito mais alta.

“Analisamos exaustivamente cada detalhe destes fósseis, em comparação com todos os potenciais parentes vivos, e não há dúvida de que representam os primeiros fósseis de fisális, em todo o mundo, e os primeiros fósseis de frutos da família da erva-moura”, uma planta relacionada com a batata, conforme explica Peter Wilf em declarações divulgadas pelo site Heritage Daily.

Esta ideia leva o investigador a constatar que, “contrariamente ao que se pensava”, as batatas, os tomates e os pimentões “são muito mais velhos do que 52 milhões de anos”, conforme se esclarece no artigo científico publicado na Science.

Pistas da evolução

Os cientistas acreditam que vão descobrir mais fósseis de plantas na região da Patagónia argentina.

“As descobertas na Patagónia vão, provavelmente, revolucionar algumas visões tradicionais sobre a origem e a evolução do reino vegetal”, realça na BBC Rubén Cuneo, investigador do Museu Palentológico Egídio Ferulgio, em Chubut, na Argentina.

Peter Wilf lembra, por seu turno, que “muita da história evolutiva, especialmente das plantas, é em grande parte desconhecida porque é raro encontrá-las como fósseis”. A “descoberta destes fósseis incrivelmente raros e delicados” é assim, uma pista fundamental para ampliar esse conhecimento.

ZAP // BBC

5 Comments

  1. Só para dizer que o pepino e a pimenta não são desta família das Solanaceas. O pepino é uma Cucurbitacea e certamente queriam escrever pimento e não pimenta.

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