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Maior Fórum Romano de Portugal é um campo de papoilas e lixo

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Arqueologia das Cidades de Beja / Facebook

Foto do fórum romano de Beja tirada em Março de 2017.

Classificado como “o maior de Portugal e um dos maiores da Península Ibérica”, o Fórum Romano de Beja está entregue ao lixo e às papoilas e ervas daninhas que crescem sem controlo, fruto do abandono a que o local está devotado. E não há no horizonte qualquer plano para a recuperação e preservação do monumento nacional único.

A arqueóloga Conceição Lopes redescobriu o Fórum Romano de Beja em 2008, após mais de 10 anos de escavações no local. Mas nos últimos 10 anos, o monumento não sofreu qualquer tipo de obra de recuperação ou de preservação.

Na actualidade, o Fórum Romano de Beja é um aglomerado de lixo, repleto de papoilas e de ervas daninhas que crescem descontroladamente, como reporta o Público. Com os “vestígios arqueológicos quase tapados”, o monumento “sofreu mais estragos” desde que foi redescoberto do que nos 2000 anos anteriores, segundo sublinha o jornal.

Alguns dos muros já caíram e as escavações arqueológicas, que ficaram a meio, não foram devidamente protegidas, pelo que há informações históricas que já se podem ter perdido para sempre.

O presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, eleito pelo PS, assume ao Público que a estrutura “já não apresenta a solidez de quando foi escavada” e que os vestígios arqueológicos estão “num estado de degradação que seria mais acentuado se tivesse chovido”.

Numa reunião do executivo municipal, em Outubro de 2018, Paulo Arsénio admitia que as “estruturas” do Fórum, “estando há três anos a céu aberto”, tinham sido “afectadas de sobremaneira com as últimas chuvadas” de Março e Abril do ano passado, como transcreve o Público.

O autarca referia, ainda, que havia “a possibilidade de alguns vestígios arqueológicos poderem vir a perder-se historicamente para sempre” e apontava para uma “tomada de decisão rápida”.

Mas, neste momento, a autarquia ainda não sabe “quando vai arrancar o projecto de recuperação” do Fórum Romano, segundo refere Paulo Arsénio ao jornal.

Conceição Lopes destaca, também em declarações ao Público, que não consegue “falar com o presidente da Câmara” para poder continuar a fazer as escavações e para “acabar o trabalho de pesquisa que está programado”.

Enquanto isso, as excursões de turistas que viajam até Beja têm o Fórum Romano como um dos pontos de interesse a visitar, mas, além do abandono a que o local está votado, ainda se deparam com uma vedação “fechada a cadeado” que impede a visita, de acordo com o Público.

Além do Fórum, que é maior do que o existe em Évora, também da época dos romanos, há no local um edifício pré-romano que reporta à Idade do Ferro e que está igualmente em risco.

Mais ao lado, o Centro de Arqueologia e Artes, que foi recuperado num investimento de 2,2 milhões de euros, está também abandonado desde que ficou pronto há dois anos. E “não há qualquer projecto para o seu uso”, segundo Paulo Arsénio.

Também sem qualquer definição estão os vestígios da Casa da Moeda de Beja, que foi descoberta em Agosto de 2012, após a detecção de quilos de moedas em cobre, junto ao Fórum Romano, que datam de 1525, durante o reinado de D. João III.

ZAP //

11 Comments

  1. Tenho esperança que o Sr. Ricardo Salgado e o Sr. Berardo, entre outras individualidades sensíveis e endinheiradas deste País, apreciadores do património histórico, das origens e das artes possam salvar estes e outros monumentos degradados que sucumbem em terras lusas. Tratando-se de benfeitores, porventura cuidadosamente protegidos pelo Estado Português, decerto, não vão virar costas a este grandioso desafio! Seriam lembrados para todo o sempre por dignificantes razões, mesmo quando já fossem pó…

  2. Se fosse apenas este! Quantos monumentos nacionais e com muito mais valor estão por aí dotados ao desprezo e por vezes pior ainda reparados à base do tijolo e do bloco de cimento.

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