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As formigas saltadoras indianas encolhem o cérebro para se tornarem rainhas

Kalyan Varma / Wikimedia

Formigas da espécie Harpegnathos saltator

Cientistas descobriram que as formigas saltadoras indianas reduzem o tamanho do seu cérebro para terem a oportunidade de se tornarem rainhas (e que são capazes de reverter esta mudança quando é preciso).

Há muito que se sabe que entre a maioria das espécies de formigas, só uma pode ser rainha e, em alguns casos, a morte da monarca significa o fim de toda a colónia. No entanto, para outras espécies, como é o caso das formigas saltadoras indianas (Harpegnathos saltator), um trono vazio pode significar uma grande disputa pelo poder. Nem que para isso seja preciso perder um quinto do cérebro.

De acordo com o site IFLScience, foi isso que descobriu uma equipa de cientistas ao analisar estas formigas. Estes insetos têm a capacidade invulgar de reduzir o tamanho do seu cérebro para agarrarem as rédeas do poder e assim se tornarem operárias reprodutivamente viáveis (as “gamergates”) que, no fundo, são rainhas temporárias.

Tal como reportado no estudo publicado, a 14 de abril, na revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, estas “gamergates” mostraram uma redução de 19% no volume do cérebro em comparação com as outras, assim como mudanças significativas nos seus ovários, comportamento e produção de veneno.

Curiosamente, os investigadores notaram também que estas formigas são capazes de voltar ao que eram, assim como o seu cérebro, em oito semanas. A equipa suspeita que este seja o primeiro inseto conhecido capaz de o fazer.

Em comunicado, a Universidade Estadual de Kennesaw explicou que, para chegar a esta conclusão, os cientistas separaram algumas “gamermates” do resto da colónia durante várias semanas. De seguida, já de regresso a casa, as restantes formigas não as aceitaram mais como tendo esse novo estatuto, forçando-as a voltar ao modo de operárias. Foi aí que a equipa notou as mudanças no tamanho do cérebro.

“Descobrimos que essas mudanças cerebrais são completamente reversíveis“, disse Clint Penick, professor assistente nesta universidade norte-americana e um dos autores do estudo.

Esta é a primeira vez que a plasticidade cerebral reversível é observada num inseto, sendo que também só existem algumas espécies de vertebrados que são conhecidas por exibir algo próximo a este comportamento”, acrescentou.

Segundo o mesmo site, pensa-se que esta flexibilidade das H. saltator pode ser explicada pelo facto de viverem em colónias relativamente pequenas, o que significa que cada formiga operária representa um recurso valioso e indispensável para todas.

ZAP //

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