O incêndio que lavrou na Madeira durante 11 dias está controlado e em fase de rescaldo, podendo ainda haver alguns pequenos reacendimentos “normais”. O Partido Socialista (PS) exige explicações ao Governo, sobre a forma de atuação.
O comandante regional da Proteção Civil, António Nunes, adiantou aos jornalistas, na manhã deste sábado, que o fogo na Madeira está controlado.
“O incêndio está controlado, encontra-se agora em fase de rescaldo. Há ainda alguns pontos quentes e poderá haver uns reacendimentos mais pequenos, que é normal que aconteçam”, afirmou.
Segundo o responsável, os operacionais continuam ainda no terreno para controlar a situação e evitar os reacendimentos.
“Vamos agora substituir as equipas da noite e um helicóptero vai sobrevoar a região para avaliar, mas esperamos que tenha terminado e que possamos todos ir descansar, as equipas estão extenuadas”, disse António Nunes, acrescentando que o facto de estar hoje “100% de humidade, um nevoeiro denso” será uma “grande ajuda”.
O comandante regional da Proteção Civil especificou que o incêndio foi controlado na sexta-feira ao final do dia e que entre as 20h00 e as 21h00 já “estava 98% consolidado”.
PS pede explicações ao MAI
O incêndio veio reacender não só a tensão política na Madeira, como também a nível nacional.
O PS quer ouvir com urgência, no Parlamento, a ministra da Administração Interna (MAI), Margarida Blasco, para um balanço do incêndio na Madeira.
“É cada vez mais claro que as coisas não correram bem. Agora nós temos de perceber o que é que não correu bem. Estudar, ouvir, discutir, para depois corrigirmos aquilo que não correu bem”, disse o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
À Antena 1, o deputado socialista Miguel Iglesias também defendeu que a atuação das entidades políticas e governamentais seja escrutinada no Parlamento.
“Tem de haver um enorme escrutínio e fiscalização à ação do Governo Regional (…) e também é certo que esta coordenação dos meios de combate ao incêndio tem sido feita com a autoridade nacional da proteção civil, com o Governo da República, com o MAI, e, por isso, é necessário escrutinarmos tudo o que se passou, a informação que foi trocada e as decisões que foram feitas”.
“Efetivamente, algo correu muito mal“, acrescentou o socialista.
Por seu turno, o Livre também considera fundamental avaliar as responsabilidades políticas do incêndio, defendendo também um plano urgente de recuperação da área ardida.
Mais de 5.000 hectares ardidos
De acordo com o último balanço feito pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Copernicus), a área ardida no incêndio rural que lavrou na ilha da Madeira atingiu na manhã desta sexta-feira os 5.045,8 hectares.
O incêndio deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.
Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense Miguel Albuquerque disse tratar-se de fogo posto.
ZAP // Lusa