Flórida censura 54 livros de matemática

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Em causa estão referências a assuntos proibidos. Há alegadas referências à Teoria Crítica do Racismo, assunto delicado nos EUA.

É um título estranho, é um assunto estranho, mas aconteceu: nesta semana o departamento de educação da Florida, nos Estados Unidos da América, anunciou que censurou livros de matemática.

Foram analisados 132 livros da disciplina e, na segunda-feira, as autoridades locais informaram que rejeitaram quase metade: 54 livros.

Não foi publicado qualquer exemplo dos “assuntos proibidos” incluídos nos manuais. E não foi publicada a lista dos livros recusados.

No entanto, alegadamente, os livros têm referências à Teoria Crítica do Racismo, que estuda o racismo estrutural nos EUA – e que é um assunto constante e muito delicado no país.

O departamento explicou em comunicado que os livros não cumprem os padrões de conteúdo do Estado: “A maioria dos livros rejeitados destinava-se aos níveis do infantário ao quinto ano; e uns alarmantes 71% dos livros não estavam alinhados com as regras da Flórida ou incluíam assuntos proibidos”.

Entre esses assuntos proibidos, é referida a Teoria Crítica do Racismo: “21% dos livros foram proibidos porque incorporam conteúdo de tópicos proibidos ou estratégias não solicitadas, incluindo a Teoria Crítica do Racismo”.

Essa teoria é ensinada e partilhada sobretudo a nível académico e tenta estudar o racismo e o seu impacto na sociedade dos EUA; analisa-se a discriminação racial no acesso à educação, ao mercado da habitação e ao apoio jurídico.

“O governador da Flórida está a tentar transformar as salas de aula num campo de batalha político. E isto é apenas o começo”, avisou o congressista Carlos Smith, dirigindo-se ao governador republicano Ron DeSantis.

DeSantis deu os parabéns ao departamento de educação por esta medida e acusou alguns editores de livros escolares de “doutrinar” crianças com “conceitos como essencialismo racial, especialmente entre alunos do ensino fundamental”.

Já no ano passado, o conselho de educação da Flórida decidiu proibir o ensino da Teoria Crítica do Racismo nas escolas públicas.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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