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Especialistas em clima e teórico da desordem dos sistemas físicos vencem Nobel da Física

Jonathan Nackstrand / AFP

Goran K. Hansson, Secretário Geral da Real Academia Sueca de Ciências, ladeado dos membros do Comité Nobel para a Física, Thors Hans Hansson e John Wettlaufer

O Prémio Nobel de Física de 2021 foi atribuído esta terça-feira a dois especialistas em modelos climáticos, o nipo-americano Syukuro Manabe e o alemão Klaus Hasselmann, e ao físico teórico italiano Giorgio Parisi.

Metade do prémio monetário é entregue a Manabe, de 80 anos, e Hasselmann, 79, “pela modelagem física do clima da Terra e por terem quantificado a variabilidade e previsto de forma confiável a mudança climática”, anunciou o júri.

A outra metade foi atribuída a Parisi, de 73 anos, “pela descoberta da interação da desordem e das flutuações nos sistemas físicos: da escala atômica à planetária”.

Nos últimos dois anos, a Real Academia Sueca de Ciências atribuiu o Prémio Nobel a descobertas no âmbito da astronomia. Por isso, muitos analistas apostavam em que, este ano, seriam distinguidos trabalhos desenvolvidos em outras áreas de pesquisa.

“As descobertas reconhecidas este ano mostram que o nosso conhecimento do clima se apoia numa base científica sólida, fundamentada em análises e observações rigorosas”, afirmou o presidente do Comité Nobel de Física, Thors Hans Hansson, em comunicado.

Em 2019, o Prémio Nobel de Física foi entregue a três cosmologistas: o canadiano James Peebles, que seguiu os passos de Einstein para esclarecer as origens do universo; e os suíços Michel Mayor e Didier Queloz, que revelaram a existência de um planeta fora do sistema solar.

O ano passado, o prémio homenageou o britânico Roger Penrose, o alemão Reinhard Genzel e a americana Andrea Ghez, pioneiros na pesquisa sobre “buracos negros”, as regiões do universo de onde nada pode escapar — os “segredos negros do Universo“.

Vencedores da última década

2021: Syukuro Manabe (Japão/Estados Unidos) e Klaus Hasselmann (Alemania), pelos seus trabalhos nos modelos físicos da mudança climática; e Giorgio Parisi (Itália), pela sua contribuição para a chamada teoria dos sistemas complexos.

2020: Roger Penrose (Reino Unido), Reinhard Genzel (Alemanha) e Andrea Ghez (EUA) pelas suas pesquisas sobre buracos negros e segredos da nossa galáxia.

2019: James Peebles (Canadá/Estados Unidos) e Michel Mayor e Didier Queloz (Suíça) pelas suas descobertas teóricas em cosmologia física e pela descoberta de um exoplaneta.

2018: Arthur Ashkin (Estados Unidos), Gérard Mourou (França) e Donnna Strickland (Canadá) pelas suas pesquisas no campo do laser, que abriram o caminho para a criação de instrumentos de precisão avançada na medicina e na indústria.

2017: Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne (Estados Unidos) pela observação das ondas gravitacionais, que confirma uma previsão de Albert Einstein na sua teoria geral da relatividade.

2016: David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz (Reino Unido) pelos seus trabalhos sobre os isolantes topológicos, materiais “exóticos” que podem permitir em um futuro mais ou menos próximo criar computadores superpotentes.

2015: Takaaki Kajita (Japão) e Arthur B. McDonald (Canadá), pela descoberta das oscilações dos neutrinos, que demonstram que estas enigmáticas partículas têm massa.

2014: Isamu Akasaki e Hiroshi Amano (Japão) e Shuji Nakamura (Estados Unidos), inventores do díodo emissor de luz (LED).

2013: François Englert (Bélgica) e Peter Higgs (Reino Unido), pelos seus trabalhos sobre o bosão de Higgs, também conhecido como ‘partícula de Deus’.

2012: Serge Haroche (França) e David Wineland (Estados Unidos), pelas suas pesquisas em óptica quântica que permitiram a criação de computadores superpotentes e relógios com precisão extrema.

ZAP // AFP

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