Filósofo britânico defende que a Humanidade quer menos liberdade

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John N. Gray / Facebook

John N. Gray, filósofo e escritor britânico

John N. Gray, filósofo e escritor britânico

O filósofo britânico John Gray acredita que as pessoas não querem mais liberdade de escolha, e preferem ter menos porque não conseguem lidar com a dúvida.

Uma ideia que este antigo professor da Universidade de Oxford e da London School of Economics, que deixou a vida académica para dedicar-se à escrita, defende no seu mais recente livro “The Soul of the Marionette” [A alma da marioneta] e numa entrevista à revista Vice.

John Gray sustenta que os ocidentais optam hoje em dia pelo agnosticismo porque não querem enfrentar a ideia de que são mortais. É uma forma de escaparem das limitações do seu corpo em busca de algum tipo de liberdade, diz o filósofo.

Recorrendo a um conceito que define como “culpabilidade negativa“, John Gray considera que é preciso saber “como viver na dúvida e no mistério”. “Isso é liberdade. Em outras palavras, tens que agir no mundo. Tens coisas que te importam, por isso ages nelas. Fazes o teu melhor, mas depois ages na incerteza, na dúvida. Simplesmente, fazes o melhor com os valores e os objectivos que tens”, conclui o pensador britânico na citada entrevista.

O filósofo refuta o fatalismo de se ficar à espera, para ver o que acontece, e constata que temos a “responsabilidade de considerar possibilidades realísticas”.

Para John Gray é evidente ainda que o conhecimento dá-nos poder, mas não representa, por si só, liberdade. O filósofo entende que há uma “crença errada alargada” de que “o conhecimento nos libertará da nossa natureza material”. Para ele é uma “pura paranóia religiosa”, pois procede à “invenção de significado onde ele não existe”.

“É uma espada de dois gumes”, refere também John Gray sobre o conhecimento. “Podem-se usar certas tecnologias para promover a liberdade, mas também para espiar pessoas”, explica.

O filósofo lembra igualmente o passado histórico, nomeadamente o facto de na Europa pré-cristã os homossexuais não serem perseguidos, e nota que o avanço da civilização e do conhecimento não representa, necessariamente, um progresso na liberdade.

Abordando a realidade política dos nossos tempos, John Gray confessa na Vice que não acredita no sucesso do Syriza na Grécia porque “a estrutura do poder na Europa está situada na Alemanha” e porque considera que o governo de Angela Merkel não vai ceder perante as exigências gregas.

Para o filósofo é evidente que as forças da União Europeia acabarão por “empurrar o Syriza para a submissão, o que, politicamente, os vai deslegitimar”. E, nesse caso, poderemos acabar por ter uma “situação pior” com um partido de extrema-direita, como o Aurora Dourada, a assumir o poder, vaticina John Gray.

SV, ZAP

2 Comments

  1. Se o Aurora Dourada subir ao poder, então o snr Gray poderá demonstrar a razão da sua tese! Mas aconselho que ele depois vá viver para a Grécia para verificar “in loco” como os gregos ficarão felizes sem liberdade. DISPARATE!

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