Uma mulher a segurar a tampa de uma caixa ou um laptop com portas USB? Há quem se baseie nestas imagens para provar que as viagens no tempo existiram.
A escultura em causa, “Grave Naiskos of an Enthroned Woman with an Attendant“, está exposta no J. Paul Getty Museum em Malibu, Califórnia, e terá sido feita como uma tradicional escultura funerária na ilha de Delos cerca de 100 a.C.
Com pouco mais de 90 centímetros, mostra uma mulher sentada numa cadeira semelhante a um trono enquanto um jovem servo segura uma caixa pouco funda cujo interior analisa.
A semana passada, o Daily Mail recuperou um vídeo de 2014, publicado no canal StillSpeakingOut do YouTube , que defendia que o objeto poderia ser uma prova das viagens no tempo.
O narrador afirma que o objeto é demasiado grande para ser uma caixa de jóias e nota que a mulher está a olhar para a tampa como alguém que olha para o ecrã de um portátil.
“A estátua mostra um objeto impressionante que se parece incrivelmente com um laptop moderno ou outros aparelhos portáteis”, relata o narrador, que cita até o Oráculo de Delfos para justificar a teoria.
Na mitologia grega, o oráculo supostamente ajudava os sacerdotes a comunicarem com os deuses para conseguirem informações avançadas.
A renovada atenção gerada à volta do vídeo trouxe também as devidas explicações: o objeto deverá ser apenas tabuleta de cera que os gregos usavam para escrever com o stylus, de acordo com a bioarqueóloga Kristina Killgrove num artigo para a Forbes.
Mesmo que não fosse uma tábua de cera, Killgrove explica que mesmo com uma estrutura fina o artista podia mesmo estar a mostrar uma caixa de jóias.
“Só depois de os Romanos abraçarem o realismo é que começamos a ter retratos verdadeiramente realistas das pessoas e das coisas”, salienta a investigadora.
Em entrevista ao site Discovery News, a arqueóloga clássica Janet Burnett Grossman afirma que o objeto é provavelmente uma caixa ou um espelho.
Mas e o que dizer das “portas USB”?
Killgrove afirma que este tipo de buracos são comuns na escultura grega, que eram muitas vezes adornadas com materiais perecíveis, como madeira, para adicionar elementos realistas.
A ausência de alguns elementos da obra também indica que os furos teriam peças que não foram preservadas até aos nossos dias.
Esta não é a primeira vez que teorias sobre viagens no tempo causam burburinho na Internet.
O ano passado, o vídeo de um suposto objeto de 800 anos encontrado na Áustria com o formato de um telemóvel com linguagem cuneiforme tornou-se viral.
Mas o vídeo mais conhecido é mesmo “Time Traveler Caught on Film“, um excerto de um filme de Charlie Chaplin com uma pessoa supostamente a usar um telemóvel. Já tem mais de três milhões de visualizações – sem contar com a que vai fazer, se o vir aqui em baixo.
É só uma caixa de “Mon Cherrie”.
Se repararem bem o homem é alentejano. Vê-se pela capa e pelo chapéu.
Portanto não vejo onde está a admiração !