Fezes de Vikings ajudam à reconstrução do genoma de parasita humano antigo

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(cv) History

Parede de escudos, ou “shield wall”, na série “Vikings”, do canal História.

Estima-se que 795 milhões de pessoas em todo o mundo estejam infetadas com o parasita Trichuris trichiura. A sequenciação do seu genoma dá-nos pistas sobre o seu tratamento.

Um novo estudo publicado na Nature Communications deu-nos novas pistas sobre a relação entre os nossos corpos e os parasitas que vivem dentro de nós.

Os cientistas usaram várias fontes de ADN, incluindo “latrinas arqueologicamente definidas” usadas pelos Vikings há até 2500 anos, para reconstruirem o genoma de um dos parasitas humanos mais antigos — Trichuris trichiura.

A pesquisa concluiu que estes bichinhos já vivem nos nossos corpos há pelo menos 55 mil anos. Em pessoas com a saúde mais frágil ou subnutridas, a presença destes parasitas pode ter consequências graves para a saúde e o novo estudo dá um novo passo no desenvolvimento de tratamentos.

Apesar de ser raro em países industrializados, há ainda muitas partes do mundo onde o parasita é comum, havendo estimativas de que até 795 milhões de pessoas no mundo estejam infetadas, relata o Science Alert.

Os seus ovos são passados pelas fezes humanas, podendo a sua transmissão continuar noutro hospedeiro quando fezes contaminadas entram no solo ou nos lençóis de água. As fêmeas podem pôr até 20 mil ovos por dia dentro dos nossos intestinos e podem viver até um ano.

Quando estão no solo à espera de encontrarem um novo hospedeiro, os ovos demoram cerca de três meses até chegarem à maturidade, mas podem sobreviver durante bastante mais tempo.

É esta durabilidade no solo que permitiu à equipa sequenciar o antigo ADN encontrado em fósseis de fezes humanas. Foram os ovos, e não os corpos dos vermes já adultos, que os investigadores sequenciaram, recorrendo a 17 amostras recolhidas em sítios arqueológicos na Letónia e nos Países Baixos.

A equipa também examinou amostras contemporâneas recolhidas de humanos de todo o mundo e também de macacos, para comparar o genoma antigo com o atual. Os resultados indicam que o parasita se espalhou a partir de África, o que se enquadra com a teoria de que as primeiras migrações humanas foram a partir do continente africano.

O estudo também sugere que o parasita se adaptou ao corpo humano de forma a poder passar despercebido e poder espalhar-se para o maior número de hospedeiros possível.

ZAP //

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