Cientistas forenses do FBI ajudaram a resolver um mistério com mais de um Século, envolvendo uma múmia egípcia com 4 mil anos que foi encontrada mutilada, com a cabeça decapitada. Tudo graças às novas técnicas de sequenciação genética.
Esta múmia egípcia foi encontrada mutilada numa necrópole em Deir el-Bersha, no Egipto, durante escavações realizadas em 1915. Os arqueólogos depararam-se com a cabeça decapitada num canto do túmulo, e com o torso desmembrado no outro lado.
Uma situação que foi provocada por um saque ao túmulo e que levou os ladrões a incendiarem o local, para não deixarem pistas da sua passagem, conforme concluíram os investigadores, segundo reporta o jornal The New York Times.
O túmulo pertencia a um governador do Reino do Egipto Médio chamado Djehutynakht, que viveu entre 2010 e 1961 antes de Cristo. Mas nos últimos 100 anos, muitas teorias surgiram em torno de quem seria a múmia da cabeça decapitada, se do próprio Djehutynakht ou da sua mulher, que poderia ter sido enterrada no mesmo local.
O facto de a cabeça ter sofrido alterações profundas durante o processo de mumificação, com a retirada de vários ossos da mandíbula e da face – presumivelmente para permitir que o morto fosse alimentado na vida depois da morte -, nunca permitiu identificar se se tratava de um indivíduo do sexo masculino ou feminino.
O mistério só foi desvendado com a intervenção do FBI. Cientistas da autoridade de investigação criminal dos EUA conseguiram extrair ADN da múmia e concluíram que se trata de um homem. Assim, será muito provavelmente Djehutynakht.
No artigo científico publicado na revista Genes, os cientistas contam como perfuraram um dente molar que tinha sido extraído da cabeça mumificada em 2009, e como conseguiram, deste modo, recolher 105 miligramas de poeira dentária.
Este pó do dente foi exposto a uma mistura líquida elaborada para copiar e amplificar o ADN existente na amostra.
Para confirmar os resultados obtidos, nomeadamente para ter a certeza de que o ADN é da múmia antiga e não fruto de contaminação moderna, uma parte do dente foi enviada para um laboratório na Universidade de Harvard, e outra para o Departamento de Segurança Interna dos EUA, para sequenciação genética adicional. E os primeiros resultados confirmaram-se, com a certeza de que o ADN é da múmia, uma vez que se encontrava danificado.
No ano passado, um outro estudo similar permitiu desvendar o mistério dos “dois irmãos” com 4000 anos, graças também a técnicas avançadas de sequenciação genética, numa das primeiras análises de genoma de antigas múmias egípcias.