As deepfakes estão a ser usadas em entrevistas para empregos remotos no ramo tecnológico, o que deixa em risco os dados confidenciais das empresas empregadoras e dos seus clientes.
E se o Governo norte-coreano visse uma deepfake de Joe Biden a anunciar que estava prestes a lançar um ataque nuclear em Pyongyang e não tivesse forma de verificar se as imagens são reais? Ou se Zelenskyy visse um vídeo falso de Putin a declarar o fim da guerra na Ucrânia?
Já há muito que se especula sobre o impacto que estes vídeos fabricados podem ter em exemplos como estes no plano político — mas esta tecnologia que falsifica vídeos, imagens ou gravações de forma tão realista que nos faz duvidar do que estamos a ver também já está a ser usada no mercado de trabalho.
De acordo com o FBI, há agora pessoas a usar deepfakes nas candidaturas a empregos remotos e a fingirem ser outra pessoa durante as entrevistas. O Centro de Queixas de Internet do FBI adianta que notou um grande aumento das denúncias do uso desta tecnologia e de roubos de Informação Pessoalmente Identificável (PII).
Os empregos que são mais apetecíveis para quem usa as deepfakes são no ramo tecnológico, incluindo a programação ou outros trabalhos ligados à gestão de dados ou ao uso de softwares, revela o Interesting Engineering.
E o pior — alguns destes trabalhos dão a estes funcionários que, na verdade, não existem, acesso a dados pessoais de clientes, informações financeiras, bases de dados corporativas e outros dados confidenciais, o que pode trazer problemas para os clientes e para as empresas empregadoras.
As pessoas que são expostas a deepfakes nas entrevistas não reconhecem que as ações e movimentos vistas não correspondem ao áudio. O FBI lembra também que a falta de sincronização quando alguém espirra ou tosse também é um sinal de alerta a ter em conta.
Em 2020, um estudo publicado na Crime Science considerou mesmo as deepfakes o crime de Inteligência Artificial mais perigoso já que os humanos tendem a acreditar naquilo que veem e ouvem com os próprios olhos e ouvidos.
“Ao contrário de mutios crimes tradicionais, os crimes no reino digital podem ser facilmente partilhados, repetidos e até vendidos, o que permite que os criminosos adotem técnicas de marketing dos próprios crimes que são oferecidos como serviços“, alertou o autor Matthew Caldwell.