O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, disse esta quarta-feira estar confiante no cumprimento das metas de vacinação no país.
Na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde foi apresentada uma parceria entre o Estado e aquela fundação para a criação de postos de vacinação móveis, que ajudarão a levar as vacinas a mais portugueses, Gouveia e Melo reconheceu que os avanços estão “sempre dependentes” do fornecimento de vacinas, mas disse que as previsões para o futuro próximo “são positivas”.
“No passado, nós tínhamos contratado um conjunto de vacinas e chegaram metade a território nacional”, disse, citado pelo jornal online Observador. “As previsões para o futuro não são essas. Se essas previsões se concretizarem, e eu digo se, nós vamos conseguir vacinar a um ritmo muito superior e atingir os objetivos que temos propostos.”
“A fase 1, onde estão as patologias com maior incidência, maior risco em termos de Covid-19, estará, segundo aquilo que pensamos – e obviamente sempre com o se as vacinas forem entregues -, concluída muito pouco depois do final do primeiro trimestre deste ano”, afirmou ainda o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes.
“Estamos a relativamente pouco tempo de o conseguir fazer”, concluiu.
Desenvolver vacina portuguesa custaria 45 milhões
O desenvolvimento de uma vacina portuguesa contra a covid-19 custaria cerca de 45 milhões de euros, sendo necessário investir mais 100 milhões numa infra-estrutura para passar à fase de produção, estimou esta quarta-feira a investigadora Teresa Summavielle.
“Precisaríamos de cerca de 45 milhões de euros para termos uma vacina que passasse os ensaios clínicos e fosse aprovada. Para uma fase de produção em massa, precisamos de infra-estruturas dedicadas”, adiantou a bioquímica do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3s), num debate promovido pelos eurodeputados do Bloco de Esquerda.
A fase inicial de desenvolvimento do fármaco contra o SARS-CoV-2 está estimada num montante entre os 500 mil euros e um milhão de euros, avançou a cientista, ao assegurar que Portugal tem “absoluta capacidade de desenvolver” este trabalho de investigação.
Ultrapassada esta fase inicial, a transição para os ensaios pré-clínicos representaria um investimento que variaria entre os três e os cinco milhões, enquanto os ensaios clínicos efectivos rondariam entre os 30 e os 40 milhões de euros, disse Teresa Summavielle.
“Aqui entramos num problema que é português, mas que é também de muitos outros países da Europa do Sul e não só. Não temos a capacidade de passar a essa produção”, referiu a investigadora.
De acordo com Teresa Summavielle, o valor de investimento para que Portugal tivesse uma infra-estrutura capaz de produzir 50 milhões de doses da vacina por ano está estimado em cerca de 100 milhões de euros, sendo necessários dois anos para que ficasse operacional.
“Este não é um problema que se extingue com a covid-19”, referiu Teresa Summavielle, ao defender que um investimento desta natureza dotaria o país da capacidade de resposta necessária para situações futuras. “É um valor que não está de todo fora da nossa capacidade de investimento e deveríamos estar seriamente a considerar fazer este tipo de investimento”, alertou a investigadora.
Com este investimento, Portugal passaria a dispor de “capacidade para produzir estas vacinas que nos dariam uma resposta mais eficaz do que as grandes empresas farmacêuticas e com as quais poderíamos chegar a bom porto de uma forma muito mais inteligente”, preconizou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.611.162 mortos no mundo, resultantes de mais de 117,5 milhões de casos de infecção. Em Portugal, morreram 16.617 pessoas dos 811.948 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.
ZAP // Lusa