Família de estudante morto no Porto pede indemnização de 535 mil euros

O pedido de indemnização visa apenas o principal arguido, Anas Kataya, de 22 anos, acusado de homicídio qualificado.

A família do estudante que morreu na sequência de agressões sofridas na madrugada de 10 de Outubro de 2021, na baixa do Porto, pede 535 mil euros de indemnização ao jovem francês acusado de ser o autor do homicídio.

O valor do pedido de indemnização apresentado pela defesa dos pais de Paulo Correia, de 23 anos, que se constituíram assistentes no processo, foi avançado esta terça-feira à agência Lusa por fonte judicial.

A indemnização visa apenas o principal arguido, Anas Kataya, de 22 anos, que se encontra em prisão preventiva, acusado de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada.

O jovem de 23 anos foi agredido à porta de um bar na Baixa do Porto e acabou por perder a vida no Hospital de Santo António, onde foi assistido.

O incidente ocorreu na zona de Passos Manuel, na Baixa do Porto. “Ele estava inconsciente, inanimado na via pública e recebeu assistência médica no local com equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que depois o conduziu para o Hospital de Santo António”, explicou fonte policial à Lusa, na altura.

O suspeito estava na fila para entrar no bar com mais amigos, quando a vítima lhe passou à frente, o que gerou o confronto. O jovem foi atingido com um murro e caiu no chão, batendo com a cabeça com gravidade.

Na segunda sessão de julgamento, que decorre no Tribunal de São João Novo, no Porto, Jean Paul Jelali, o outro arguido no processo, também de nacionalidade francesa, que se encontra em liberdade, prestou hoje declarações, acusado de ofensas à integridade física qualificada.

Num depoimento confuso e, por vezes, contraditório, o que irritou e levou o coletivo de juízes a advertir o arguido, este contou que, nessa noite, o objetivo era seguirem para uma discoteca, na rua de Passos Manuel, na baixa portuense.

A caminho do espaço de diversão noturna, explicou, ficou para trás para falar com uma jovem e, quando se aproximou da discoteca, viu Anas Kataya e um terceiro elemento que os acompanhava, “rodeados” por várias pessoas, e depois no chão, um deles a ser agredido.

Segundo a versão do arguido, posteriormente, disse “ter visto uma pessoa no chão [que se confirmou ser a vítima mortal]”, pensando que o mesmo se “estaria a sentir mal e desmaiado”, acrescentando que, à semelhança de Anas Kataya, foi impedido pelos seguranças da discoteca de se aproximar do local.

O arguido relatou ainda um segundo episódio de confrontos entre Anas Kataya e elementos do primeiro grupo que, alegadamente, os tinham agredido anteriormente.

Jean Paul Jelali contou que, “para cessar” os confrontos, pegou numa garrafa de cerveja de litro e, pelas costas, assumiu que a partiu na cabeça de um dos envolvidos.

Sobre a morte de Paulo Correia, que foi basquetebolista do Guifões Sport Clube, concelho de Matosinhos, disse nada saber e afirmou nem ter visto o amigo e principal arguido Anas Kataya envolvido com a vítima mortal.

O julgamento prossegue na quarta-feira, todo o dia, com a inquirição das primeiras testemunhas, nomeadamente de inspetores da Polícia Judiciária, de seguranças da discoteca e de amigos da vítima mortal, envolvidos nos desacatos.

Na primeira sessão de julgamento, que decorreu na segunda-feira, o principal arguido negou qualquer envolvimento no crime, acrescentando nunca ter visto a vítima.

O despacho de acusação do Ministério Público (MP) conta que, na madrugada de 10 de outubro de 2021, junto a um estabelecimento de diversão noturna, na zona de Passos Manuel, “enquanto aguardavam pela entrada no local, gerou-se uma troca de palavras entre um grupo de cidadãos portugueses, onde se encontravam os três ofendidos, e três mulheres de nacionalidade francesa”.

Segundo o MP, “as três mulheres afastaram-se momentaneamente do local, indo ao encontro dos dois arguidos, também franceses, os quais, sabendo do desentendimento, vieram na direção do grupo [onde estava o estudante Paulo Correia], com o único propósito de agredir os seus elementos”.

“Um dos arguidos [Anas Kataya], ao alcançar um dos ofendidos, desferiu-lhe murros e socos no rosto e na cabeça e, de seguida, foi no encalço da vítima mortal, tendo-lhe desferido, com grande violência, um murro na zona da cabeça”, descreve a acusação, sublinhando que a vítima foi a cambalear até junto de uma viatura ali estacionada, na qual embateu, “caindo ao chão, ali ficando prostrada”.

Jean Jelali, de acordo com o MP, “foi na direção do terceiro ofendido e desferiu-lhe um murro, fazendo-o cair no chão, após o que ainda o pontapeou no tórax”.

O Partido Socialista chegou a propor criar a Polícia da Movida em junho. A nova unidade seria criada dentro da Polícia Municipal, com agentes próprios, com denúncias apresentadas em locais próprios.

ZAP // Lusa

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