Faltam trabalhadores em fábricas (se a ideia é acabar com a dependência da China)

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Não há trabalhadores suficientes para a meta do Ocidente: recuperar empregos em nome da segurança nacional e da maior prosperidade.

Made in China.

É muito provável que tenha algo com esta indicação em sua casa. Mesmo que ainda nem se tenha apercebido.

Muitos países europeus, do Ocidente, incluindo Portugal, dependem muito da produção chinesa na indústria, na economia.

Muitos países querem reduzir essa dependência – mas têm trabalhadores suficientes?

O Politico levanta a questão e avisa que é preciso muito mais gente nas fábricas ocidentais, mesmo que tenham a ajuda da tecnologia.

E sim, licenciados também entram nesta necessidade. Mas há cada vez mais estudantes universitários na Europa; e esses licenciados hesitam – muitos rejeitam mesmo – ir para uma fábrica.

Não, não é só em Portugal: quem passa a infância e a adolescência a ouvir sempre “vais para a faculdade, vais ser doutor, vais ser respeitado”, depois de ter um diploma… É difícil “mudar o chip” e aceitar trabalhos físicos, às vezes pesados.

Além de ser difícil aceitar, é difícil ser apto, ser competente (pelo menos num curto prazo).

Ter um curso universitário é uma coisa, ter habilidade prática é outra.

A União Europeia (UE), defende Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, precisa de se focar mais nos riscos de segurança nas suas políticas comerciais e de investimento.

Von der Leyen quer uma UE menos dependente da China, com mais empregos “caseiros” ligados à indústria.

Não seria muito diferente das novidades anunciadas, no ano passado, nos Estados Unidos da América – que parece estar (novamente) adiantado em relação à Europa.

Para esta espécie de “desglobalização”, são precisos mais: trabalhadores em fábricas, trabalhadores manuais, motoristas, camionistas, mineiros…

Nesta altura não há trabalhadores suficientes para a meta do Ocidente: recuperar empregos em nome da segurança nacional e da maior prosperidade.

Nos EUA há uma crise no sector mineiro. Na Alemanha faltam 200 mil trabalhadores (!) só nos transportes e nas fábricas e a Tesla queria 12 mil funcionários para a sua nova fábrica – mas não há, pelo menos qualificados, já prontos.

Na “febre” pela globalização, muitos países ocidentais pensaram que iam “apenas” tratar da economia mais ligada aos serviços, enquanto os produtos apareciam feitos, provenientes de outros países.

Problema: esses outros países começaram a ser rivais estratégicos.

Trabalhar em fábricas voltou a ser assunto, voltou a ser crucial. A teoria de Karl Marx poderá ser revista em breve.

ZAP //

2 Comments

  1. O problema de Portugal e da Europa – com excepção da Rússia – é este: «…Quanto mais você sobe no nível educacional e na escala social na Grã-Bretanha, mais você vai encontrar pessoas que são irracionais, ignorantes e fanáticas.
    Quanto mais você desce na escada social e educacional, mais você encontra pessoas que se fundamentam na realidade, têm bom senso, são decentes, têm moralidade.
    E porquê? Porque as universidades são cruciais nesta catástrofe civilizacional, foram as universidades o principal veículo para aquilo que é chamado de longa marcha através das instituições. Se você fosse um revolucionário e quisesse criar um “novo mundo”, não pode mais esperar que os trabalhadores se levantassem e tomassem o poder, o poder económico e político, isso não iria acontecer.
    O que poderia fazer era, em vez disso, trabalhar por dentro. Então basicamente você vai semeando as ideias nas pessoas, que depois as transmitem para a próxima geração, e então, gradualmente, infiltram-se em toda a cultura…»

  2. Paguem melhor e recompensem os trabalhadores pelo seu esforço, sem ameaçar.
    Assim certamente haverá mais candidatos europeus. E os que faltarem, aí sim vamos buscar lá fora, com as mesmas condições dos de cá.

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