Mais de mil operacionais continuam, nesta quarta-feira, envolvidos no combate ao incêndio de Odemira (Beja) que deflagrou no sábado à tarde. Entre quem perdeu tudo, há também quem critique que “não havia um único bombeiro” a ajudar no combate ao fogo.
As condições meteorológicas mais frescas durante a noite, como o aumento da humidade, favoreceram o combate ao incêndio que continua a queimar Odemira.
A última informação do site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) indica que o incêndio está, agora, em fase de resolução.
Este incêndio começou no sábado e já atingiu 10 mil hectares. Estão no local 1.114 operacionais, apoiados por 367 veículos e 16 meios aéreos, segundo o site da ANEPC.
O fogo deflagrou em São Teotónio, no concelho de Odemira, e obrigou a deslocar 1.459 pessoas das suas habituações para os pontos de acolhimento definidos.
Uma das maiores preocupações das autoridades é evitar que o incêndio entre na vasta serra de Monchique, fortemente atingida por outros fogos em anos anteriores, sobretudo em 2018.
“Isto é um demónio que passou aqui”
Entre as pessoas afectadas pelo fogo, há quem tenha perdido tudo, como foi o caso de um homem que vive em Odemira há 23 anos. “Não sei o que vai ser da minha vida”, desabafa este residente, entre lágrimas, em declarações à CMTV.
“Isto é um demónio que passou aqui”, lamenta também este morador. “Nunca contei com isto”, conclui, dando mostras do seu desalento perante os seus bens destruídos.
“Não havia um único bombeiro”
O incêndio de Odemira destruiu a estrutura principal do alojamento de turismo rural Teima, cuja proprietária lamenta, em declarações à Lusa, que pediu ajuda, mas que ninguém apareceu.
“Pedi ajuda à GNR e aos bombeiros para nos socorrerem porque percebi que íamos arder. Tivemos de sair do espaço por volta das 13 horas e à 17:30 horas estava desesperada, sem notícias, e fui por montes e vales e vi que a casa principal estava a arder e não havia um único bombeiro“, queixa-se Luísa Botelho à Lusa.
A proprietária do alojamento localizado em Vale Juncal adianta que chegou a pedir aos operacionais que estavam com três carros de bombeiros na estrada para ajudarem, mas que lhe responderam que não tinham ordens para isso.
Luísa Botelho não entende porque não foi socorrida quando a 500 metros do local as corporações de bombeiros estiveram a proteger o hotel Enigma das chamas.
“É com um enorme desgosto que vos venho contar que a nossa Teima foi consumida pelas chamas. Talvez uma das casas resista. Ainda não sabemos. Não houve um bombeiro a defender-nos“, escreve Luísa Botelho nas redes sociais do alojamento.
“Estiveram no hotel Enigma (mesmo ao lado) que até esteve mais perto do que nós e salvaram-no. De nós ninguém se lembrou, apesar dos meus insistentes telefonemas com pedidos de socorro. A nossa tristeza e revolta é incomensurável. Vamos ter de fechar por uns meses”, acrescenta a proprietária do alojamento rural.
Reconhecido com o Prémio Travellers Choice 2021 da TripAdvisor e eleito como Melhor Turismo Rural de Portugal em 2017 e Melhor Turismo Rural do Alentejo em 2019, o Teima Alentejo SW está localizado numa propriedade com cerca de 80 mil metros quadrados em Vale Juncal.
ZAP // Lusa
Isto é NORMAL:
A proprietária do alojamento localizado em Vale Juncal adianta que chegou a pedir aos operacionais que estavam com três carros de bombeiros na estrada para ajudarem, mas que lhe responderam que não tinham ordens para isso.
———————————–
Sabem é pedir donativos.